É atleta, tetracampeão olímpico nos 5.000 e 10.000 metros, quatro vezes campeão do mundo e seis vezes campeão da Europa. Um currículo verdadeiramente invejável e que o tornam no maior atleta britânico de sempre. Falamos de Mo Farah, ou, melhor… Hussein Abdi Kahin.

O nome é estranho e até esta segunda-feira irreconhecível por praticamente todo o mundo. É o verdadeiro nome de Mo Farah, um dos grandes nomes de sempre do desporto mundial que, esta quarta-feira, vai estrear o documentário da sua vida na BBC.

Foi precisamente no canal britânico que, através de um “teaser” partilhado esta segunda-feira, partilhou “o segredo” que esconde “desde criança”.

Vamos por partes. Mohamed nasceu, em 1983, numa região da Somália — Somalilândia — que autoproclama a sua independência, embora a mesma não seja reconhecida internacionalmente. O seu pai, Abdi, foi morto a tiro quando o pequeno Farah tinha apenas 4 anos. Depois, com “cerca de 8 ou 9 anos” foi levado para o Djibuti — país que faz fronteira com a Somália — onde recebeu acolhimento de uma mulher com a qual não tinha parentesco.

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De seguida, embarcou para a Reino Unido, com o estatuto de refugiado, e com a promessa de ir viver com parentes, o que o deixou “animado”, pois “nunca tinha andado de avião”. A mulher disse-lhe para “assumir” o nome Mohamed e entregou-lhe os documentos falsos, que ele viria a usar em toda a sua carreira no atletismo.

De acordo com o documentário, Mo Farah aterrou em Hounslow, no oeste de Londres, e ficou num apartamento da mulher desconhecida. “À minha frente, ela rasgou um papel [com os contactos dos parentes] e colocou-o no lixo. Naquele momento eu sabia que estava em apuros”, contou. A partir daí foi obrigado a trabalhar e só se conseguiu matricular numa escola aos 12 anos.

Na escola conheceu Alan Watkinson, seu professor de educação física, e que viria a mudar a sua vida. Farah contou-lhe toda a sua história e Watkinson contactou os serviços sociais, ajudando-o a ser acolhido por uma família da Somália. “Ainda sentia falta da minha família verdadeira, mas a partir daquele momento tudo melhorou”, diz no documentário.

Mo começou a destacar-se no atletismo aos 14 anos e contou com a ajuda do professor para obter a cidadania britânica, concedida em 2000. Ainda assim, segundo o advogado Alan Briddock — outras das “personagens” do documentário —, a nacionalidade foi “obtida por fraude ou deturpação”.

Não tinha ideia de que havia tantas pessoas a passar exatamente pelo que eu passei. Isso só mostra o quão sortudo eu fui”, finaliza Sir Mo Farah, que recebeu essa importante insígnia em 2017.

O documentário, intitulado “The Real Mo Farah”, foi produzido pela BBC e pelo Red Bull Studios. Vai para o ar às 21h00 desta quarta-feira, no BBC One, ficando, para já, disponível apenas no Reino Unido.