Vice-campeão do mundo nos 5.000 metros, quarto classificado nos 5.000 metros nos Jogos Olímpicos de Seul, atleta olímpico em quatro edições diferentes dos Jogos. Domingos Castro é um dos principais nomes do atletismo português do final do século XX — agora, tal como o próprio sublinha, quer retribuir à modalidade que lhe deu tudo.

O antigo atleta do Sporting apresentou esta terça-feira a candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Atletismo. Aos 60 anos, procura suceder a Jorge Vieira, cuja liderança de 12 anos está prestes a terminar, e terá como adversários os ainda vice-presidentes Fernando Tavares e Paulo Bernardo, que encabeçam listas separadas. Na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, em Oeiras, Domingos Castro juntou vários nomes relevantes do desporto nacional e delineou os principais objetivos do projeto.

Com o mote “Movimento de Mudança”, o antigo atleta tem como grande bandeira a construção da Casa das Seleções, uma proposta em tudo semelhante à Casa dos Atletas integrada na Cidade do Futebol, da Federação Portuguesa de Futebol, que pretende receber os estágios das seleções nacionais e regionais e que terá lugar na Marinha Grande.

Domingos Castro conta com Paulo Guerra, Sara Moreira e Francis Obikwelu na lista

“É a minha bandeira. É um sonho que quero que seja realidade, sobretudo. Nós precisamos de criar condições para os nossos jovens, para que se sintam motivados. Para que quando cheguem à Casa das Seleções queiram ser como o Carlos Lopes, o Fernando Mamede, a Rosa Mota, o Obikwelu”, referiu Domingos Castro em declarações ao Observador. O candidato contou com a natural presença do irmão gémeo, Dionísio Castro e também ele antigo atleta olímpico, e foi surpreendido por um momento de homenagem a Mário Moniz Pereira, o responsável pela ida para o Sporting quando ainda corria no Fermentões, clube local da zona de Guimarães.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Decidi candidatar-me por essa gratidão à modalidade, para retribuir tudo o que me deu na vida, a todos os níveis. Temos uma equipa fantástica, que acho que tem condições para fazer algo diferente em prol do atletismo. Estou tão motivado que acho que vamos fazer um trabalho fantástico”, acrescentou o candidato, que contou com a presença do ainda presidente Jorge Vieira, ainda que este tenha garantido que foi ao Estádio Nacional institucionalmente e não para apoiar especificamente a candidatura.

“Às vezes comovo-me com as declarações de amor à nova pátria que já não eram necessárias de Pichardo e Auriol”: entrevista a Jorge Vieira

“Não podemos ser críticas só por ser. Este presidente não pode continuar, ao fim de 12 anos, e há coisas que também fez de bem. Agora, acho que temos conhecimento e capacidade para mudar algumas coisas para melhor. Daí o ‘Movimento de Mudança’. Jogos Olímpicos? Temos atletas lesionados, alguns até operados. Diria que a expectativa não é muito alta, mas às vezes é quando não se espera que aparecem os melhores resultados”, atirou Domingos Castro, antecipando desde logo a participação do atletismo em Paris, sendo que as eleições serão depois dos Jogos.

A lista de Domingos Castro à direção da Federação Portuguesa de Atletismo inclui os candidatos a vice-presidentes Paulo Guerra, antigo atleta olímpico, Sara Moreira, campeã europeia da meia-maratona e dos 3.000 metros, e ainda Joaquim Santos, Rui Ferreira e Sérgio Guedes. Francis Obikwelu, medalha de prata nos 100 metros nos Jogos Olímpicos de Atenas, é candidato a vogal da direção, assim como as também ex-atletas Albertina Machado, Carla Sacramento e Carla Tavares.

Um corte com 128 anos de tradição: pela primeira vez, uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos vai valer dinheiro (mas só no atletismo)

Na Comissão de Honra, para além dos mais expectáveis Nélson Évora, Manuela Machado ou Albertina Dias, o antigo atleta junta nomes como Luís Figo, José Mourinho, Nélson Évora e Krasimir Balakov, para além de Marco Chagas, Nuno Delgado e ainda Fernando Tavares Pereira, ex-candidato à presidência do Sporting. Como mandatário da candidatura, de forma natural, Domingos Castro tem Luís Alves Monteiro, o presidente da Associação de Atletas Olímpicos que tem respaldado todas as corridas de antigos atletas olímpicos às lideranças das respetivas federações.