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O Movimento 5 Estrelas, partido de Giuseppe Conte que suporta a coligação governamental em Itália, absteve-se esta quinta-feira de votar uma moção de confiança ao primeiro-ministro do país, Mario Draghi. A moção acabaria por ser aprovada, mas não foi suficiente para segurar o primeiro-ministro no cargo. Draghi anunciou quase de imediato a sua saída, dando início a nova crise política no país. Que sofreu, porém, um revés: o Presidente italiano, Sergio Mattarella, rejeitou confirmar a saída do chefe de executivo de Roma.

O primeiro a manifestar-se foi Draghi, pouco tempo depois da votação. “A coligação de unidade nacional que apoiou este governo já não existe”, declarou numa nota divulgada pelo seu gabinete para justificar a sua decisão. “Desde a minha tomada de posse que sempre disse que este executivo só iria em frente se houvesse uma perspetiva clara de poder levar a cabo o programa de governo que as foras políticas aprovaram”, explicou.

Mais tarde, foi tornado público o “não” de Mattarella e o recado para que o primeiro-ministro continue a procurar consensos no Parlamento. “O Presidente da República não aceitou a demissão e convidou o presidente do Governo a apresentar-se perante o parlamento para dar explicações e para que nessa sede se faça uma avaliação da situação que foi originada na sequência dos debates de hoje no Senado”, explicou a Presidência italiana em comunicado.

Os senadores do Movimento 5 Estrelas (M5S, na sigla original) saíram da Câmara Alta para não votar a moção de confiança sobre o Decreto de Ajuda, uma proposta apresentada pelo Governo, não consensual, que prevê ajudas de 26 mil milhões de euros a famílias e empresas para responder aos efeitos da inflação. Para os senadores do partido populista as medidas são “insuficientes”.

Draghi acabou por conseguir passar a votação de confiança, com 172 votos a favor e 39  contra. Mas a decisão de se demitir nem sequer foi surpreendente. É que o primeiro-ministro já tinha dito que não iria liderar um governo sem o M5S, mesmo tendo uma maioria parlamentar.

Draghi assumiu o cargo em fevereiro de 2021, com a incumbência de lidar com a pandemia de covid-19 e ajudar o país na recuperação económica. O dia desta quinta-feira foi apenas mais um dos episódios de desavenças entre Draghi e o M5S, que parecia cada vez mais distanciado da estratégia do Governo, criticando mesmo o apoio a Kiev na sua resistência contra a invasão russa.

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