A diretora-geral da Saúde garantiu esta terça-feira não haver “confusão possível” sobre a distinção das mortes por ou com covid-19 em Portugal, alegando que se trata de uma regra internacional definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Gostava de deixar bem claro que é perfeitamente possível distinguir quem morre por Covid-19 e com Covid-19″, afirmou Graça Freitas na comissão parlamentar de Saúde, onde foi ouvida sobre a mortalidade por todas as causas no país, uma audição requerida pelo PSD.

Segundo assegurou, de acordo com o que o médico escreve no certificado óbito, é possível distinguir quem morreu por Covid-19, como causa básica do óbito, e quem, tendo a infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, faleceu por outra causa.

Não há confusão possível porque é uma regra internacional. As nossas codificadoras são pessoas altamente formadas e não têm graus de liberdade de achar que uma coisa é ou não é. Seguem um parâmetro, uma regra internacional que a OMS a define”, referiu Graça Freitas.

Na audição parlamentar, a diretora-geral adiantou ainda que qualquer pessoa pode perceber na página `online´ da DGS como está a ser a evolução da mortalidade no próprio dia, uma vez que essa informação é atualizada de 10 em 10 minutos, de acordo com os certificados de óbitos.

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Relativamente à mortalidade atual, Graça Freitas avançou que Portugal está “num período de excesso nítido”, uma vez que a onda de calor que atingiu o continente provocou, entre os dias 7 e 18 deste mês, excesso de mortalidade de 1.063 óbitos.

Estes valores “ainda vão aumentar, primeiro porque ainda vamos ter mais tempo quente e depois porque o efeito cumulativo do calor sobre o equilíbrio térmico das pessoas se vai vendo ao longo do tempo e porque há casos que ainda vão ser notificados”, admitiu a diretora-geral.

Perante os deputados, Graça Freitas recordou ainda que, em 2020, foram identificados seis períodos de excesso de mortalidade, o primeiro dos quais entre 30 dezembro e 9 de fevereiro, atribuível à atividade epidémica gripal.

Um novo período de excesso de mortes aconteceu entre 16 de março e 26 de abril devido à primeira onda de covid-19, seguindo-se outros entre 25 de maio e 31 de maio relacionado com uma onda de calor, entre 6 de julho e 2 de agosto novamente devido às temperaturas elevadas e entre 28 de setembro e 3 de janeiro, que voltou a ser atribuído à atividade pandémica.

Quanto a um sexto período de excesso de mortalidade, que configurou um excesso de 858 óbitos que terão ficado por explicar, Graça Freitas adiantou que o histórico de temperaturas demonstra que houve dois períodos de calor intenso e uma onda de calor apenas numa região do país.

Hoje há estudos que também indicam que o excesso de mortalidade associada ao calor não carece, como se pensava no passado, daquilo que tecnicamente é uma onda de calor”, referiu a diretora-geral.