Depois de a NASA ter divulgado as primeiras imagens do telescópio espacial James Webb, mudando radicalmente o modo como olhamos para o Universo, há uma nova imagem captada pelos sensores daquele telescópio inovador a correr o mundo. A imagem foi composta pelo astrónomo Gabriel Brammer, investigador do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhaga, a partir dos dados em bruto recolhidos pelo telescópio James Webb, que são gratuitamente disponibilizadas na internet para uso da comunidade científica.

“Vejamos o que o Telescópio Espacial James Webb observou ontem”, escreveu Brammer no Twitter quando divulgou a imagem.

Em declarações ao jornal inglês Daily Mail, a responsável de comunicação da missão científica do telescópio James Webb, Christine Pulliam, confirmou que a imagem foi feita a partir de dados do telescópio Webb. “Enquanto alguns programas do Webb mantêm os dados privados durante cerca de um ano, para que os cientistas que pediram esse tempo possam ter tempo para os analisar, outros programas estão a tornar os seus dados públicos imediatamente”, explicou Pulliam. “Por isso, qualquer pessoa pode descarregar os dados do nosso arquivo e fazer o seu próprio processamento de imagem, usando técnicas padrão que foram desenvolvidas para dados de outros observatórios, como o Hubble.

Foi justamente isso que Brammer fez, usando dados recolhidos pelos sensores do telescópio espacial James Webb referentes à região do Universo onde podemos encontrar a galáxia NGC 628, ou Messier 74, uma “galáxia fantasma” bem conhecida dos astrónomos devido à simetria da sua forma. Trata-se de uma galáxia situada a cerca de 32 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Peixes.

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Outra imagem da mesma galáxia foi partilhada no Flickr pela especialista em processamento de imagem e astrónoma amadora Judy Schmidt — e, como aponta a revista Forbes, a partilha destas imagens parece ser apenas o início daquilo que poderá vir a constituir o “tesouro” das imagens captadas pelo telescópio Webb, muitas delas processadas a partir dos dados em bruto por cientistas e astrónomos, profissionais ou amadores, por todo o mundo.

A nova imagem da NGC 628 é impressionante, sobretudo quando comparada com a imagem ótica captada pelo telescópio Hubble. Contudo, naturalmente, é preciso ter em conta que a imagem produzida pelo telescópio Webb é uma imagem produzida através do processamento de dados de radiação infravermelha, como explicou no Twitter o astrónomo Michael Merrifield, da Universidade de Nottingham. “Esta é, na verdade, uma imagem de infravermelhos médios obtida através do instrumento MIRI no telescópio James Webb, que nos oferece uma visão sem precedentes do Universo nestes comprimentos de onda que são tão difíceis de observar a partir da Terra.”

A galáxia NGC 628 vista pelo telescópio Hubble

NASA

O telescópio Webb é o mais moderno telescópio solar do mundo. Lançado no dia de Natal de 2021, começou a enviar as suas primeiras imagens este mês.

Olhar o universo com infravermelhos. O que traz de novo o telescópio Webb?