Pelo menos cinco municípios admitem reduzir ou até cortar parcialmente o abastecimento de água à população durante a noite se a situação de escassez se mantiver. Segundo avança o Jornal de Notícias, as câmaras de Manteigas, Mangualde, São Pedro do Sul, Tabuaço e Vale de Cambra vão ponderar esta medida caso a situação continue.

À Rádio Observador, o presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra, José Pinheiro, confirma que, apesar de o município ainda não se encontrar nessa fase, esta é uma medida que está a ser equacionada e que os próximos 15 dias serão decisivos para se tomar uma atitude.

Obviamente que estamos a ponderar, porque estamos atentos àquilo que é, neste momento, a situação dramática que o país está a atravessar. Temos verificado que os lençóis freáticos estão a baixar consideravelmente, as águas de superfície não existem e os consumos mantêm-se. Temos sentido que as pessoas têm tido algum senso nos consumos, mas não excluímos de todo essa possibilidade, embora ela ainda não esteja numa fase de implantação”, explica o autarca de Vale de Cambra.

Cortar o abastecimento de água à noite, explica José Pinheiro, significa “restringir os consumos noturnos e fazer com que os reservatórios possam encher durante a noite para durante o dia haver água para a população”.

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Também em Mangualde esta é uma opção em análise: “Mediante o cenário que estamos a atravessar, é uma questão que está sempre em cima da mesa. Estamos a tomar todas as medidas no sentido de poder evitar que essa situação possa vir a acontecer”, sublinhou à Rádio Observador o presidente da autarquia, Marco Almeida, acrescentando que o município está a fazer uma campanha de sensibilização para a redução do consumo diário de água.

Das 36 autarquias contactadas pelo JN, a maioria apela à contenção generalizada no consumo de água, havendo mesmo casos de proibição do consumo da rede pública para a rega de jardins e hortas, a lavagem de passeios, pátios e espaços públicos ou a rega de jardins e hortas. No caso de Vale de Cambra, indica o autarca à Rádio Observador, a redução da rega dos espaços públicos foi uma das medidas já tomadas.

Há também 23 municípios que já tiveram de recorrer ao abastecimento das localidades com camiões-cisterna. Na região transmontana, mais de 50 localidades estão a receber água desta forma. O mesmo acontece no Alentejo — em Aljustrel, Mértola e Moura, Alcácer do Sal e Santiago do Cacém e Montemor-o-Novo. Em Mangualde, a autarquia também teve de tomar esta decisão, estando neste momento o transporte diário de água a ser feito para três freguesias, num total de seis aldeias.

Outros municípios já ameaçaram com multas pesadas para quem use água pública para regar jardins ou hortas. Foi o caso de Vimioso, onde a autarquia instituiu coimas até aos 3.740 euros para pessoas singulares e 44.890 euros para pessoas coletivas.

Já a Câmara da Pesqueira avisou que a rutura do abastecimento a partir da albufeira de Ranhados, que também serve Mêda e Foz Côa, vai acontecer no início de setembro se o consumo diário de 640 litros se mantiver, “quando o desejável seriam 200”.

A 31 de julho, refere o JN, todas as bacias hidrográficas tinham diminuído o volume de água comparado com o último dia de junho. Só a bacia do Ave superava a média e as do Cávado (36,4%), Mira (37,2%) e Sado (41,1%) apresentavam os valores mais baixos.