Mark queria apenas resolver tentar problema de saúde do filho, mas acabou nas malhas muito apertadas da Google, que procura evitar a partilha de conteúdo sexual infantil. E nem um relatório policial o ajudou a reativar as suas contas.

O caso remonta a fevereiro de 2021 quando o seu filho começou a queixar-se de dores e inchaço no pénis, conta o The New York Times. Os pais marcaram uma consulta médica — que teve de ser realizada por videoconferência tendo em conta a situação pandémica — e a enfermeira pediu para que o casal enviasse fotografias do menino para que o médico fizesse o diagnóstico.

A consulta realizou-se, o problema do menino foi diagnosticado e foram prescritos os antibióticos indicados. Até aqui, tudo decorreu com normalidade. Porém, dias depois, o progenitor viu negado o acesso a todas as suas contas da Google com a justificação de a sua conta ter partilhado “conteúdo impróprio”.

“Oh Deus, a Google provavelmente pensou que isto era pornografia infantil”, pensou Mark — que utiliza apenas o primeiro nome para não ser identificado — , após ler a lista de possíveis razões a que levaram com que o seu acesso digital fosse negado.

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“Eu sabia que o controlo de privacidade destas empresas não é o que esperávamos. Mas eu não fiz nada de mal”, disse o homem em entrevista ao norte-americano The New York Times.

Numa questão de dias, perdeu todas as informações que armazenava na cloud: contactos telefónicos, e-mails e documentos desde o primeiro ano de vida do filho. Mark ainda enviou um e-mail onde explicava toda a situação e a resposta da Google foi clara: “O material de abuso sexual infantil é abominável e estamos empenhados em impedir a sua propagação nas nossas plataformas”. Tentou ainda pedir um recurso, mas sem sucesso: a empresa garantiu que não iria voltar a ativar a conta.

Todos os ficheiros do telemóvel de Mark foram analisados e a equipa da Google sinalizou um vídeo que abriu uma investigação no Departamento de Polícia de São Francisco, da qual Mark só teve conhecimento em dezembro de 2021.

Quando recebeu uma carta a informá-lo do sucedido, rapidamente contactou o inspetor do caso. Este disse-lhe “não existirem elementos suficientes para que se estivesse perante a ocorrência de um crime” e que caso fora dado como encerrado. Explicou-lhe ainda que nada podia fazer relativamente ao acesso aos seus contactos informáticos porque isso era uma decisão da empresa e não da polícia.

O norte-americano continuou a tentar recuperar a sua conta, contactou novamente a empresa de tecnologia anexando o relatório de arquivamento do caso, mas a resposta continuou a ser negativa. Quis então levar o caso a tribunal e contactou um advogado para esse efeito. Este revelou-lhe que teria de pagar 7 mil dólares para recuperar toda a sua informação. Mark acabou por desistir.