Mais de 25 mil crianças estão desaparecidas em África como resultado, entre outras causas, da fuga a conflitos, segundo informação divulgada esta segunda-feira pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Os menores representam 40% dos 64.000 desaparecidos registados pelo CICV no continente, afirma a instituição em comunicado, por ocasião do Dia Internacional dos Desaparecidos, que se comemora terça-feira, 30 de agosto.

Atualmente, mais de 35 conflitos armados estão ativos na África e milhares de pessoas, incluindo crianças, atravessam anualmente fronteiras, o deserto do Saara e o mar Mediterrâneo em busca de segurança e de uma vida melhor.

Esses movimentos geralmente envolvem grandes riscos, incluindo o de desaparecimento, e os casos documentados de pessoas desaparecidas estão a aumentar, adianta o CICV, realçando que “os números reais são muito maiores”.

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Infelizmente, os 25.000 casos registados não abrangem todo o âmbito deste trágico e muitas vezes negligenciado problema humanitário. Não há dúvida de que há mais crianças cujo destino permanece desconhecido”, refere Patrick Youssef, diretor regional do CICV para a África.

Durante o deslocamento, seja interno ou transfronteiriço, as crianças enfrentam riscos de exploração, violência, angústia mental e desaparecimento.

Muitos também acabam sozinhos, sem saber o paradeiro das famílias, adianta o CICV, que afirma ter mais de 5.200 casos documentados de crianças desacompanhadas na África.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha, juntamente com a União Africana (UA), organizou esta segunda-feira uma reunião de alto nível, em Adis Abeba, na Etiópia, para promover uma abordagem mais coerente e eficaz entre os Estados africanos por forma a prevenir o desaparecimento de pessoas e a prestar melhor informação sobre o seu destino às famílias.

“Ter as políticas certas pode salvar vidas. É um passo essencial para proteger os migrantes e as famílias de pessoas desaparecidas. Isso é uma questão de humanidade e dignidade humana”, frisou Youssef.

As famílias dos desaparecidos enfrentam imensa dor e obstáculos, que muitas vezes transcendem gerações. Estão presas num limbo, incapazes de seguir em frente ou chorar. A procura dos seus entes queridos nunca termina”, salientou.

Em 2021, o CICV ajudou a determinar o paradeiro e o destino de 4.200 pessoas e reuniu 1.200 famílias em toda a África.

Além disso, também permitiu que se realizassem mais de 773.000 chamadas telefónicas e de vídeo entre famílias separadas na sequência de conflitos armados ou outras situações de violência, migração ou detenção.