Não foi um episódio único, segundo soube o Observador, mas foi o episódio limite que tem motivado uma série de reação após ter sido denunciado nas redes sociais (e pela idade em causa): uma criança de dez anos foi proibida de usar uma camisola do Benfica no Municipal de Famalicão por ter bilhete para uma zona da bancada que deveria ser destinada só a adeptos da casa, sendo obrigada a ver o jogo de tronco nu.

“Na segunda-feira vou com o meu advogado fazer uma exposição ao Ministério Público. Ao entrar nessa bancada poente, o steward disse que não podia entrar com a camisola. Chamei as autoridades que me disseram que era a indicação que tinham recebido do organizador do evento, o Famalicão”, explicou o pai da criança ao jornal Record, acrescentando que no meio da confusão o filho ficou aflito e “a chorar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O Sport Lisboa e Benfica lamenta que num futebol que se quer cada vez mais inclusivo, capaz de trazer cada vez mais famílias para os jogos, adeptos com camisolas do Benfica, incluindo crianças, tenham sido obrigados a despi-las para poderem assistir ao jogo entre Famalicão e Benfica. Queremos um futebol diferente e todos temos de contribuir para isso”, comentaram os encarnados no Twitter.

Há relatos de mais pessoas adeptas dos encarnados que enfrentaram o mesmo problema, sendo que alguns voltaram apenas para trás e não terão assistido ao jogo e outros foram a correr tentar encontrar uma outra t-shirt (o calor que se fazia sentir também não ajudava) que permitisse evitar qualquer adereço do Benfica nessa bancada onde, de acordo com os seguranças, estavam proibidos por indicações internas.

“Na semana em que os capitães das nossas equipas assinaram a Carta pela Integridade, que antecede a Sport Integrity Week, organizada pela SIGA, vimos exemplos do futebol que amamos e defendemos. Desde o magnífico gesto de fair play no V. Guimarães-Santa Clara à bonita e singela homenagem que o FC Porto fez a um adepto no relvado do estádio do Dragão. Se queremos que o futebol seja uma festa para as famílias, temos de refletir quanto ao significado de uma criança ser obrigada a despir a camisola do seu emblema pelo simples facto de estar numa bancada onde a maioria dos adeptos torce por outro clube. Não é este o futebol que queremos”, escreveu Pedro Proença, presidente da Liga.

“Esta criança foi vítima de intolerância implacável num estádio de futebol por parte de representantes do promotor do jogo. Foi ainda submetida à indignidade de ficar semi-despida para que pudesse continuar a assistir ao jogo. Este incidente impõe o maior protesto. As entidades envolvidas têm de prestar esclarecimentos pelo sucedido”, criticou também através de uma publicação no Twitter o secretário de Estado para a Juventude e Desporto, João Paulo Correia, entre mais reações que foram surgindo.

A Liga de clubes vai debater o incidente

A Liga de clubes vai debater o incidente ocorrido em Famalicão, anunciou este domingo o organismo, segundo a Lusa. Após o lamento do presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, e do repúdio do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, o organismo que tutela o campeonato anunciou o agendamento do assunto.

“Na sequência dos acontecimentos registados em Famalicão, no passado sábado, durante a partida entre Famalicão e Benfica, a Liga Portugal informa que o assunto fará parte da ordem de trabalhos, já na próxima quinta-feira, dia 15 de setembro, na reunião com todos os diretores de segurança das sociedades desportivas e a direção de segurança da LPFP”, lê-se no comunicado.

O organismo recorda ter definido, “como uma das prioridades para a presente temporada, o regresso das famílias aos estádios e pretende a sensibilização de todos os agentes desportivos para o regresso do público às bancadas”.