A CMA, o regulador britânico responsável pela Concorrência, fez um novo ponto de situação sobre a análise que está a fazer à compra da Activision Blizzard pela Microsoft. O negócio foi anunciado no início deste ano por 68,7 mil milhões de dólares. Dada a dimensão das duas empresas, rapidamente o mercado levantou preocupações sobre a posição mais vantajosa que a Microsoft pode conquistar com a conclusão do negócio.

A 1 de setembro, a CMA revelou que, da análise feita, considerava que a Microsoft poderia ficar numa situação capaz de limitar o negócio de outras rivais. E deixava um prazo para ambas as empresas apresentarem formas de o negócio não ser tão gravoso a nível de concorrência. Caso os argumentos não fossem suficientes, a entidade avançaria para uma investigação de fase 2.

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Esta quinta-feira, a CMA anunciou que vai mesmo fazer uma investigação mais profunda ao negócio. A entidade considera que, “na base de informação atualmente disponível, é ou pode ser o caso de a fusão resultar numa redução substancial dentro do mercado ou mercados do Reino Unido”. Esta quarta-feira, o jornal Financial Times já tinha avançado, citando fontes com conhecimento do tema, que a CMA ia avançar para uma investigação mais profunda ao negócio.

Esta investigação será feita por um grupo de inquérito. De acordo com o anúncio feito, a investigação vai ser liderada por Martin Coleman e contará com o apoio de peritos como John Thanassoulis, Humphrey Battcock e Ashleye Gunn.

Além da investigação no mercado britânico, também a União Europeia está a analisar o negócio, dada a dimensão das empresas envolvidas. Mas, segundo o Financial Times, a investigação feita por Bruxelas poderá ser ainda mais demorada.

No início do mês, a CMA disse estar “preocupada com o facto de, se a Microsoft comprar a Activison Blizzard, isso poder prejudicar rivais, incluindo recentes e futuros concorrentes na indústria, ao negar o acesso aos jogos da Activision Blizzard ou a disponibilizar um acesso em condições muito piores”.

A Activision Blizzard é responsável por jogos populares como “Call of Duty” ou “World of Warcraft”. É também na propriedade desses jogos, caso o negócio avance, que está um motivo de preocupação – sendo a Microsoft dona da consola Xbox, existe o receio de a empresa retirar esses jogos de plataformas como a PlayStation. “Após a fase um de investigação, estamos preocupados que a Microsoft possa usar este controlo em jogos populares como Call of Duty ou World of Warcraft após a fusão para prejudicar os rivais, incluindo recentes e futuros rivais nos serviços de subscrição multi-jogos e nos serviços de gaming na cloud”, indicava Sorcha O’Carroll, diretora sénior de fusões da CMA.

A Microsoft tem vindo a público dizer que o “Call of Duty” continuará disponível na PlayStation caso o negócio seja concluído, “durante vários anos”. No entanto, surgiram notícias de que a Sony, responsável pela PlayStation, considerou a oferta da Microsoft para manter a franquia na PS como “inadequada em diversos níveis”.

“A Microsoft só fez a oferta de manter o ‘Call of Duty’ na PlayStation por mais três anos após o fim do atual acordo entre a Activision e a Sony”, explicou Jim Ryan, responsável da PlayStation, ao site Games Industry.biz. “Após quase 20 anos de ‘Call of Duty’ na PlayStation, a proposta deles foi inadequada a vários níveis e falhou em ter em conta o impacto nos nossos jogadores. Queremos garantir que os jogadores da PlayStation continuam a ter uma experiência de alta qualidade com o jogo e a proposta da Microsoft mina esse princípio.”

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