Foi Edward, o Confessor, o primeiro rei a ser sepultado em Westminster, a mesma que esta segunda-feira foi o central do funeral de Estado de Isabel II. Também Charles Darwin e Charles Dickens ocupam lugar entre os mortos famosos da Abadia.

Santo Eduardo, o primeiro na abadia

Ainda hoje o seu túmulo é momento de culto e oração.Segundo os arquivos de Westminster, o Rei Eduardo, o Confessor morreu na noite de 4 para 5 de janeiro de 1066, e o cortejo fúnebre desde Westminster Hall até à Abadia de Westminster está retratado na famosa tapeçaria de Bayeux, um imenso artefacto bordado datado do século XI, atualmente exposto no Musée de la Tapisserie de Bayeux, na Normandia. O desenho revela o rei Eduardo a ser transportado pelos seus súbditos e velado pelos muitos fiéis até chegar à sua última morada.

Muitos foram os que oraram pelo penúltimo rei saxão de Inglaterra, mais tarde canonizado Santo pelo Papa Alexandre III. Ainda que não esteja documentado o dia certo do seu nascimento, sabe-se que terá morrido aos 63 anos. Foi sepultado a 6 de janeiro de 1066, na Festa da Epifania. O rei William, o Conquistador terá mandado fazer um relicário em ouro e prata destinado a guardar os restos mortais do rei.

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Caixão cheiroso

Em 1102, Osbert de Clare, antigo monge e prior eleito da abadia de Westminster descreve a abertura do túmulo do rei envolta em fragrâncias “maravilhosas” que se espalharam por toda a igreja. Desconhece-se os motivos que levaram à abertura do caixão, mas fica no ar a dúvida de que ou terá sido embalsamado ou envolto em ervas aromáticas.

Sabe-se que no dedo, trazia um anel e nos pés umas sandálias. O corpo estava envolto num manto precioso, jazindo com o cetro a seu lado e com a coroa na cabeça. Segundo o arquivo histórico da abadia, também se pôde observar uma barba comprida.

Os milagres do rei

São muitos os milagres associados ao túmulo de Eduardo ocorridos no tempo do Abade Crispin, um monge anglo-normando também sepultado em Westminster e que terá morrido por 1117. A 13 de outubro de 1163, o corpo de São Eduardo foi transferido para um santuário especialmente preparado para o efeito, e terá sido por esta altura que o famoso anel do rei foi retirado e guardado nas relíquias da igreja, mas o anel desapareceu. Pensa-se que terá desaparecido na dissolução do mosteiro em 1540.

Henrique III tinha uma grande veneração pelo rei Eduardo, o Confessor, e foi ele quem mandou erigir um novo e dispendioso santuário com mosaicos Cosmati, muito utilizados à época para ornamentar igrejas. Vieram operários de Itália  liderados por Pietro di Oderisio. Foi concluído em 1269 e, a 13 de outubro, Henrique e o seu irmão Richard, Conde da Cornualha, juntamente com os seus dois filhos carregaram o caixão sobre os ombros numa procissão solene. Foram muitos os doentes que rumaram em peregrinação ao santuário, ajoelhando-se à sua volta, clamando por cura.

O caixão de madeira do Confessor ainda hoje se encontra numa cavidade na parte superior da estrutura de mármore e pedra. É considerado o centro da Abadia da Westminster e cinco reis e quatro rainhas estão enterrados na sua Capela.