Com uma carreira já longa, de mais de duas décadas, José Mourinho aprendeu a saber que o diabo está sempre atrás da porta. Há uma semana, o diabo esteve na reviravolta que o Betis alcançou nos últimos minutos no Olímpico, conquistando uma vitória que deixou os italianos numa posição perigosa na Liga Europa. No fim de semana, o diabo esteve na lesão que Dybala sofreu ao concretizar uma grande penalidade. Esta quinta-feira, a Roma tinha de fechar definitivamente a porta ao diabo.

Em Sevilha, contra o Betis, a equipa de Mourinho precisava de vencer para voltar a estar numa posição confortável no que toca ao apuramento para a fase seguinte da Liga Europa. Os italianos não contavam então com Dybala, que se lesionou contra o Lecce e que vai estar afastado dos relvados entre quatro a seis semanas — mas o treinador português nem sequer despendia muito tempo a pensar naquilo que não podia controlar.

Mourinho tinha 60.011 do lado dele. Mas não foi suficiente (a crónica do Roma-Betis)

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“Isto é algo que já vimos a falar há quatro ou cinco anos. Quando falávamos deste Mundial, toda a gente sabia que haveria muitas lesões esta época e agora estamos a viver isso. Eu aprendi a chorar menos e a viver com a realidade das situações. Podemos dizer que jogamos demasiados jogos, que os jogadores de hoje têm vidas e carreiras diferentes, que os clubes poderosos são mais privilegiados do que os outros. A verdade é que há os ricos, os menos ricos e os pobres. Os pobres jogam uma vez por semana, os ricos podem jogar todos os dias e depois há os menos ricos, que são os que têm de jogar os mesmos jogos dos ricos mas que têm menos opções. Nós estamos a experienciar isso”, disse Mourinho na antevisão da visita ao Betis.

Assim, a Roma apresentava-se com Belotti e Abraham no ataque, apoiados por Cristante, Matic e Pellegrini, com Spinazzola e Zalewski a serem os responsáveis pelos corredores. Do outro lado, Manuel Pellegrini deixava William Carvalho no banco, assim como o guarda-redes Rui Silva, e colocava Rodri, Canales e Joaquín nas costas de Willian José, a referência ofensiva.

O Betis foi para o intervalo a vencer graças a um golo de Canales, já depois da meia-hora, com o espanhol a atirar um belo remate em jeito de fora de área (36′). A Roma ainda colocou a bola no fundo da baliza mesmo no fim da primeira parte, por intermédio de Belotti, mas o lance foi anulado por fora de jogo do internacional italiano. Ao intervalo, os espanhóis estavam a vencer pela margem mínima mas de forma justa, já que tinham sido constantemente a melhor e a mais perigosa equipa em campo durante toda a primeira parte. Do outro lado, a Roma via fugir ainda mais a tranquilidade na Liga Europa.

Mourinho tirou Matic para lançar Camara ao intervalo e o médio emprestado pelo Olympiacos entrou para fazer estragos desde logo, aparecendo na grande área para assistir Belotti para o empate (53′). O golo começou por ser anulado por fora de jogo mas acabou por ser validado com recurso ao VAR — e com recurso a José Mourinho, que festejou ainda antes da decisão definitiva depois de ver as imagens no banco de suplentes. Pellegrini ainda colocou William Carvalho em campo, assim como Mourinho lançou Viña, Bove e El Shaarawy, mas já pouco aconteceu até ao fim.

A Roma empatou com o Betis em Sevilha e continua com uma única vitória na Liga Europa, podendo mesmo ficar a três pontos do segundo lugar se o Ludogorets vencer o HJK ainda esta quinta-feira. Mourinho disse que já aprendeu a chorar menos: mas continua sem sorrir muito.