Um homem de 32 anos acusado de ter alvejado outro durante um negócio de droga fictício negou esta terça-feira, no Tribunal de Aveiro, ser o autor dos disparos, um dos quais atingiu gravemente o suposto comprador do estupefaciente.

“Vim a Aveiro para fazer dinheiro fácil, mas sem o intuito de magoar alguém. Não trouxemos caçadeira absolutamente nenhuma“, disse o arguido, durante a primeira sessão do julgamento em que responde pelos crimes de homicídio na forma tentada, detenção de arma proibida e roubo na forma tentada, este último em conjunto com outros dois arguidos, de 25 e 34 anos, que o acompanharam na deslocação a Aveiro.

Perante o coletivo de juízes, o principal arguido, praticante de artes marciais, que se encontra em prisão preventiva, disse ter sido contactado por um homem com quem esteve preso para saber se arranjava droga, tendo visto ali uma oportunidade para “fazer dinheiro fácil”.

“Estava com necessidades económicas e decidi vir a Aveiro para comer um nabo”, disse o arguido, afirmando que o objetivo era “vender gato por lebre”, entregando ao suposto comprador “10 placas feitas de acendalhas” em vez da droga.

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O arguido referiu ainda que quando se encontrou com o pretenso comprador para entregar as falsas placas de droga, notou que ele “estava muito desconfiado” e acabou por desistir do negócio, tendo entrado no carro e pedido ao amigo para arrancar.

“Já tínhamos arrancado quando ouvimos um disparo. Não vi nenhuma arma. Não foi nenhum de nós três que disparou essa arma”, afirmou.

O arguido que estava a conduzir a viatura disse que na altura estava a passar por dificuldades económicas e aceitou participar no esquema proposto pelo principal arguido para “dar uma banhada sem violência a um otário“.

Referiu ainda que não se apercebeu de qualquer disparo, adiantando que quando o amigo entrou no carro e lhe pediu para arrancar tinha os ‘headphones’ colocados nos ouvidos.

O terceiro arguido, também praticante de artes marciais, corroborou a versão apresentada pelo amigo, afirmando ter apenas ouvido algo que lhe pareceu ser um tiro.

O crime ocorreu na madrugada de 27 de fevereiro de 2020, quando os três suspeitos se deslocaram a Aveiro para, supostamente, fazerem a entrega de significativa quantidade de produto estupefaciente a um indivíduo residente nesta cidade.

Durante o encontro, um dos suspeitos terá pegado numa espingarda para lhe roubar 1.700 euros destinado ao pagamento da droga, acabando por efetuar dois disparos, um dos quais atingiu a vítima, abandonando de seguida o local.

Apesar de gravemente ferida, a vítima conseguiu fugir, tendo sobrevivido graças ao auxílio de um amigo que observava o encontro à distância e que a transportou para o hospital.

Na altura da detenção a Polícia Judiciária, (PJ) referiu que os suspeitos residentes na Área Metropolitana do Porto estavam ligados ao “mundo da noite” e tinham antecedentes criminais por roubo, tráfico de estupefacientes e passagem de moeda falsa.