O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, alertou esta terça-feira que os fenómenos climáticos extremos tiveram “um profundo efeito” nas causas de doença e de morte dos portugueses e pediu urgência no combate às alterações climáticas.

Manuel Pizarro falava à agência Lusa à margem das comemorações do Dia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que incluíram uma conferência com o tema “Alterações climáticas — Impacto na Saúde” proferida pelo médico infecciologista Kamal Mansinho.

Questionado se as alterações climáticas já se estão a fazer sentir na saúde dos portugueses, Manuel Pizarro afirmou que sim e defendeu que “não se pode perder tempo” no combate a este fenómeno.

“Eu não quero antecipar o estudo que está a ser feito, designadamente sobre as diferenças de mortalidade dos últimos anos, mas parece óbvio, numa avaliação preliminar, que para além do impacto terrível da pandemia – e esse impacto da pandemia não está desligado das mudanças climáticas – há também nas causas de doença e de morte dos portugueses um profundo efeito dos fenómenos climáticos extremos”, disse o governante.

Manuel Pizarro adiantou que já não é apenas o frio no inverno, como era tradicional, mas calor extremo no verão, que nos últimos anos, designadamente em 2022, terá tido um impacto muito negativo.

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“Isto tem de ser acompanhado, mas há uma evidência que salta aos olhos de todos. Não podemos perder tempo e não nos podemos atrasar no combate às alterações climáticas”, defendeu.

O ministro observou ainda que o próprio sistema de saúde também contribui para as alterações climáticas: “Temos muitas instituições de saúde que são produtoras de energia e são fomentadoras de aquecimento”.

Para o governante, o sistema de saúde também tem que adotar as regras da economia circular e melhorar a eficiência energética. “Nós temos de mudar comportamentos, por exemplo, é preciso avaliar caso a caso se os dispositivos de uso único, que são hoje às centenas de milhar, se em muitos casos não podiam com segurança e qualidade, dar origem à sua recuperação e à sua reutilização”, salientou.

O ministro sublinhou que a lógica do uso único “é uma lógica predadora dos recursos ambientais” que acaba por ter impacto na preservação ambiental que é essencial para a vida coletiva e para a saúde das populações.

Sobre como as instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão a lidar com o aumento das despesas devido ao aumento da inflação, o ministro reconheceu que é “com dificuldades” e é por isso que, no próximo ano, o Serviço Nacional de Saúde terá “o maior orçamento de sempre”.

“Nós vamos ter um orçamento que corresponda também a este aumento de custos que temos vindo a verificar, mas que não é exemplo da necessidade de nós controlarmos alguns desses custos e desse aumento de gastos que têm que ser controlados”, advertiu.

Manuel Pizarro sublinhou ainda que “é uma aposta” do Governo investir no SNS como “uma condição essencial para tudo”: “Para a nossa felicidade coletiva, para a nossa saúde individual, mas também para a produtividade da nossa economia”, rematou.