O presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) afirmou que continua a defender coligações, porque o país precisa de estabilidade, que só é possível com governos com uma base de sustentação ampla.

“Eu continuo a acreditar que é preciso promover a estabilidade, este país precisa de estabilidade, precisa convocar a Nação para uma governação que permita colocar prioridade naquilo que visa a população e para que isso aconteça é preciso que o Governo tenha uma base política de sustentação bastante ampla”, disse Domingos Simões Pereira, em entrevista à agência Lusa.

Por essa razão, segundo Domingos Simões Pereira, o PAIGC vai continuar aberto para “falar com outras formações políticas”.

“É claro que ao dizer isto tenho de respeitar aquilo que for a visão dos órgãos competentes do partido, mas sob a minha liderança farei sempre tudo para convencer essas estruturas a permitirem que haja diálogo com as outras formações e aproveitar outras competências que podem estar em outros partidos, podem estar em partido nenhum, podem estar em organizações da sociedade civil, podem estar no país, como podem estar na diáspora”, disse.

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“Quando chega o momento da governação, nós temos de deixar de lado outros princípios e escolher os melhores para a implementação do programa que tiver sido concebido. Continuo convencido que este é o caminho que o país deve seguir”, afirmou Domingos Simões Pereira.

Questionado pela Lusa sobre uma eventual coligação com o Partido de Renovação Social (PRS), salientou que quando o PAIGC afirma a “disponibilidade para falar com todas as formações obviamente inclui o PRS”.

“Se o PRS entender, como nós entendemos, que havendo condições para o efeito, nós podemos concluir um acordo de estabilidade no parlamento para uma governação. Eu saúdo esse sentimento e reafirmo a minha adesão a esse princípio, mas só que é importante acrescentar que isso é válido para o PRS como poderá ser válido para outros partidos. Estamos abertos a dialogar com todos e isso inclui obviamente o PRS”, afirmou o líder do PAIGC.

O Presidente guineense dissolveu o parlamento em maio último e marcou legislativas antecipadas para 18 de dezembro. No entanto, os partidos políticos já propuseram o adiamento das eleições, mas o chefe de Estado ainda não anunciou uma nova data.

Domingos Simões Pereira diz que PAIGC está unido, coeso e acompanha o seu líder

O presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) afirmou em entrevista à Lusa que o partido está “unido, coeso e acompanha o seu líder” nas metas programáticas e nas reformas previstas.

Domingos Simões Pereira, que foi eleito com a maioria dos votos dos quase 1.500 delegados que participaram no congresso do partido, avaliou a votação como uma “adesão” à visão que está a propor para o partido e também à necessidade de consolidar o que foi feito nos últimos oito anos.

“A minha avaliação é de que os delegados do X Congresso quiseram dizer a todos os que nos queiram ouvir que o partido está unido, está coeso e acompanha o seu líder nas suas grandes metas programáticas que estão estabelecidas e nas reformas que estão desde já programadas”, afirmou o líder do PAIGC.

Questionado sobre que reformas do partido destacaria, Domingos Simões Pereira indicou, num primeiro momento, os dois percursos feitos nos últimos oitos anos.

O primeiro feito entre 2014 e 2018, quando foi preciso “resgatar o partido” da onda que “colocava em causa o funcionamento das próprias estruturas” e aquele feito a partir de 2018 durante o qual se “deu voz a todas as sensibilidades” e se voltou a “adiar as reformas necessárias”.

“Hoje vai verificar com muita facilidade que o número de jovens nas estruturas superiores do partido está muito próximo daquilo que é a percentagem de jovens a nível nacional, primeiro aspeto, segundo aspeto a correlação de género também está muito presente nessas estruturas”, disse.

Domingos Simões Pereira destacou também outro aspeto que é a renovação das estruturas intermédias, após a realização do congresso.

“O que acontecia no partido é que nós ao renovarmos os órgãos, ao realizarmos conferências eletivas desses órgãos antes de chegarmos ao congresso acabávamos quase que obrigando a que os delegados fossem divididos pela lógica da candidatura”, explicou.

“Depois de terminado o congresso, escolhido o novo presidente do partido, tem um trabalho colossal de reunir as bases que acabaram de ficar desavindas pela lógica das candidaturas”, afirmou.

Segundo Domingos Simões Pereira, neste momento, com a renovação das estruturas do partido, “muitas entidades terão oportunidade de servir” na sua administração, “independentemente” da sua opinião, porque “já há um caminho traçado”, que corresponde à moção estratégia que apresentou.

“Agora, não temos hierarquia entre vice-presidentes, porque na verdade quem se submete à votação secreta e universal dos delegados é o presidente, quem apresenta a moção estratégica é o presidente, quem propõe os vices é o presidente”, disse, salientando que antes os vices-presidentes do partido, após o congresso, assumiam uma autonomia que “quase se transformava numa oposição interna ao próprio presidente”.

Outro exemplo que Domingos Simões Pereira destacou como uma reforma importante que vai ocorrer no partido, é que os membros do comité central vão passar a responder por cada secção do território da Guiné-Bissau.

“A partir deste momento, as decisões que serão tomadas e que tenham reflexo nas bases irão beneficiar de um conhecimento detalhado que cada responsável tem de apresentar”, afirmou.

“Desde o Presidente do partido até todos os elementos que constituem, por exemplo, o comité central, hoje ninguém estará nos órgãos por simples acaso. Todos passarão a saber qual é a sua responsabilidade e terão de responder perante os órgãos competentes”, salientou.