O programa de electrificação da Mazda arrancou com o MX-30, mas a curta autonomia deste crossover torna-o uma opção apenas para quem se desloca maioritariamente em cidade ou como segundo carro da família. Essa limitação no alcance entre recargas deverá, entretanto, ser sanada com a introdução de uma versão do crossover nipónico com um motor rotativo a fazer de range extender. Nada disso impede o fabricante nipónico de continuar a defender uma oferta com múltiplas soluções, em que a combustão tem um papel preponderante. Mesmo sendo certo que, a partir de 2035, na Europa não se comercializarão veículos novos equipados com motores térmicos, a Mazda no Reino Unido decidiu demonstrar que os biocombustíveis devem ser uma alternativa a ter em conta. Para isso, levou o roadster mais popular do mundo, um MX-5 de série, a percorrer 1000 milhas (o equivalente a 1609 km), atestando o depósito só e apenas com Sustain – um combustível 100% livre de origens fósseis, que se produz usando exclusivamente resíduos agrícolas, como palha, restos de colheitas e subprodutos impróprios para consumo humano.

Segundo a marca, os resultados revelaram-se bastante promissores. A unidade que serviu de cobaia técnica para testar o combustível sustentável, produzido pelos ingleses da Coryton, estava equipada com o conhecido motor SkyActiv-G de 2,0 litros, que debita 184 cv.

Com partida em Essex, precisamente na sede da Coryton, o MX-5 atravessou Inglaterra, o País de Gales, a Irlanda do Norte e a Escócia, num trajecto que no total contabilizou mais de 1600 km e paragem em quatro circuitos, nomeadamente Anglesey, Oulton Park, Knockhill e Kirkistown. As idas à pista destinaram-se a explorar mais intensamente o desempenho, de forma a apurar se haveria desvios do Sustain face ao rendimento a gasolina convencional. E a conclusão foi que… não.

Segundo os técnicos japoneses, além de não se registarem perdas no desempenho do bloco de quatro cilindros, o 2.0 SkyActiv-G também se revelou mais comedido nos consumos com o combustível ecológico. Retirando da equação as voltas nos quatro traçados, o consumo fixou-se nos 6,2 litros/100 km. De recordar que esta mecânica homologa em WLTP um consumo de 6,9 litros/100 km, com caixa manual ou automática.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

5 fotos

A Mazda está apostada em explorar combustíveis alternativos, tendo sido o primeiro construtor de automóveis a juntar-se à eFuel Alliance. Reflexo disso é sua participação na prova de resistência Super Taikyu Series, onde o Mazda2 corre na classe ST-Q, reservada a veículos especiais não homologados, categoria onde os construtores podem inscrever e testar veículos experimentais. Neste caso, o Mazda2 serve como laboratório sobre rodas alimentado a biodiesel, que é produzido a partir de óleos alimentares usados e gorduras de microalgas. Em 2023, este mesmo biocombustível vai impulsionar um carro de corrida com base no Mazda3.

O construtor japonês não é o único interessado em demonstrar a viabilidade dos e-fuels para não renunciar aos motores a combustão. O argumento é que são neutros em carbono, mas a realidade é que não estão isentos de emissões poluentes. Contudo, testes como aquele a que foi submetido o MX-5 demonstram que continua viva a esperança de que os motores a combustão não morram. Resta aguardar pela “sensibilidade” do legislador que, em 2026, volta a rever o plano “Fit for 55”.