“Homens e mulheres no nosso mundo, com a sua fome de riqueza e poder, consomem até mesmo os seus vizinhos, seus irmãos e irmãs”. Foi de forma indireta que, na capela de São Pedro e na celebração do seu 10.º pontificado, o Papa Francisco criticou o conflito na Ucrânia, sem nunca referir o nome dos países envolvidos.

“Em quantas guerras e em quantos lugares, ainda hoje, a dignidade e a liberdade são desprezadas”, continuou, na Missa do Galo na noite de sábado, 24 de dezembro. “Como sempre, as principais vítimas desta ganância humana, são os mais fracos e os mais vulneráveis.”

Na celebração, que contou com sete mil pessoas dentro da Capela de São Pedro — a primeira vez, desde o início da pandemia em que atingiu esta capacidade — e outras quatro mil do lado de fora, o Papa Francisco, que já várias vezes falou diretamente sobre a guerra da Ucrânia, focou parte do seu discurso nas crianças vítimas dos conflitos.

“Também este natal um mundo voraz por dinheiro, poder e prazer não tem espaço, como aconteceu com Jesus, para os mais pequenos, para tantas crianças por nascer, pobres e esquecidas”, disse. “Penso, acima de tudo, nas crianças consumidas pela guerra, pela pobreza e pela injustiça.”

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Papa pede Natal com menos gastos e doações para os ucranianos

Devido ao seu problema no joelho, o Papa Francisco, que na semana passada fez 86 anos, não pode ficar de pé ao longo de toda a cerimónia. Focando o seu sermão em várias formas de ganância, pediu às pessoas que olhassem para lá do consumismo que envolve a quadra festiva e se lembrassem daqueles que sofrem com a guerra e a pobreza, apelando a que se recordassem do verdadeiro significado da data.

Já a meados de dezembro, o Papa Francisco tinha pedido um Natal com menos gastos, incentivando, antes, mais doações para ajudar na Ucrânia. “Irmãos e irmãs, eu vos digo, há tanto sofrimento na Ucrânia. Tanto. Gostaria de chamar a atenção para as próximas férias de Natal. É lindo celebrar o Natal, mas vamos diminuir um pouco o nível dos gastos do Natal“, pediu Francisco, no final da sua audiência geral semanal no Vaticano.