A mulher do secretário regional da Agricultura dos Açores, António Ventura, ganhou um concurso público e vai ser diretora dos Serviços de Apoio ao Investimento e à Competitividade da Direção Regional do Desenvolvimento Rural, afetos à pasta tutelada pelo marido. Ainda assim, Ventura não vê nenhum “mal” nisto: “A minha esposa é um cidadão como outro qualquer”.

A polémica instalou-se nos Açores com a notícia de que Fernanda Ventura, mulher do governante dos Açores e até aqui técnica da direção regional do Desenvolvimento Rural, ganhou um concurso público para desempenhar aquelas funções, em comissão de serviço, por três anos.

Como conta o Diário de Notícias, citando o despacho de nomeação de Ventura, assinado pelo presidente do governo regional, José Manuel Bolieiro, Fernanda Ventura ganhou o concurso a 5 de julho de 2021 e entrou em funções no passado dia 1 de janeiro.

Ora, na perspetiva de António Ventura, não há razão para nenhuma polémica, por Fernanda Ventura não ter sido nomeada por si nem ter tido “intervenção direta ou indireta” no processo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A minha esposa é um açoriano, um cidadão como outro qualquer. Candidatou-se a um concurso público, ou seja, com prova escrita e prova oral, foi classificada em primeiro lugar e não vejo mal nenhum, respeitando o júri e o acesso, como qualquer açoriano tem, a um concurso que existe”, defendeu em declarações transmitidas pela RTP. “Nos requisitos do concurso não estava limitado o facto de ser esposa de um governante, ou de um político em funções”.

“Coisa diferente seria uma nomeação política, uma escolha pessoal, e não foi”, frisou. “Não tive intervenção direta nem indireta. Ser família ou esposa de um governante ou político não pode impedir que as pessoas, pessoalmente, tenham iniciativa e façam a sua carreira”.

Como recorda o DN, o presidente do governo regional açoriano tinha prometido, em janeiro de 2022, no Parlamento regional, criar uma Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública Regional, com o objetivo de dotar estes processos de mais transparência. Mas essa comissão continua a não passar de uma promessa.