O primeiro-ministro do Kosovo, o nacionalista Albin Kurti, pediu esta quinta-feira em Viena um aumento dos efetivos da força internacional liderada pela NATO (Kfor) no território, justificado pelo aumento das tensões com a Sérvia nos últimos meses.

Kurti emitiu o pedido durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo austríaco, Karl Nehammer, que demonstrou disponibilidade para aumentar o contingente de militares austríacos estacionados no Kosovo, que em 2008 proclamou a independência da Sérvia de forma unilateral.

Atualmente a Kfor possui 3.800 efetivos no terreno, onde se incluem 400 austríacos. Apesar de a Áustria não integrar a NATO devido à sua política de neutralidade, participa na missão internacional no Kosovo e devido ao seu interesse na estabilidade dos Balcãs.

Pristina e Belgrado têm registado momentos de tensão em torno dos direitos dos sérvios no norte do Kosovo, que têm denunciado uma política discriminatória e pretendem autonomia administrativa.

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Em 2013, a Sérvia e o Kosovo chegaram a acordo para o estabelecimento de uma associação de municípios sérvios no norte do Kosovo, onde se concentra grande parte desta minoria, no âmbito do diálogo patrocinado pela União Europeia, apesar de ainda não ter sido aplicado.

Kurti considera que esta associação viola a Constituição multiétnica kosovar.

“A Constituição, que concedeu muitos privilégios à minoria sérvia e que foi proposta por Martti Ahtisaari, galardoado com o Nobel da Paz, no seu espírito não permite a associação monoétnica”, indicou Kurti.

No entanto, o primeiro-ministro kosovar mostrou-se disposto em prosseguir o diálogo com a Sérvia para solucionar os diferendos.

A Sérvia e o Kosovo pretendem garantir a adesão à União Europa, e a normalização das suas relações constitui uma condição prévia.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.