O presidente do Chega defendeu esta segunda-feira que os atuais membros do Governo também deviam preencher o questionário que vai ser adotado para os futuros governantes e considerou que se Paulo Cafôfo “não tiver condições, tem que sair” do executivo.

Paulo Cafôfo confirma inquérito, mas “não tem conhecimento de qualquer facto” pelo qual possa ser incriminado

Falando aos jornalistas em conferência de imprensa na sede nacional do Chega, em Lisboa, André Ventura foi questionado sobre a investigação que envolve o atual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal.

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“Eu recomendaria ao Governo que o questionário que vai pôr para os novos secretários de Estado e para os novos governantes, que pudesse aplicá-lo aos que já estão, e assim Paulo Cafôfo já poderia confirmar que está a ser investigado, que é o principal alvo da investigação e que se sente muito bem com essa situação”, afirmou.

O líder do Chega apontou que pode ser “difícil que quem não sabe exatamente o que é que está a ser investigado possa dar explicações”, mas referiu que, “aparentemente, Paulo Cafôfo é mesmo um dos alvos principais da investigação e já se sabia disto”.

E António Costa também já sabia disto, porque não tinha como não saber quando o chamou para o Governo“, atirou o líder do Chega.

André Ventura defendeu que o primeiro-ministro “deve colocar o questionário à frente de Paulo Cafôfo e se ele não tiver condições tem que sair também, porque aparentemente é isso que acontece”.

O presidente do Chega reiterou que mais um caso no Governo “continua a ser uma degradação permanente das instituições” e criticou que “cada dia há um caso que parece visar diretamente o Governo e os seus membros, sem que nenhuma explicação para isto seja dada”.

O Correio da Manhã noticia, na sua edição desta segunda-feira, que Paulo Cafôfo está a ser investigado pelo Ministério Público, enquanto ex-presidente da Câmara do Funchal.

Em comunicado, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas afirmou que tem conhecimento da “instauração de um processo de inquérito“, mas desconhece os termos concretos do processo, aguardando “com serenidade” a sua conclusão.

Em resposta à agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma “a existência de inquérito, dirigido pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa e no qual se investigam eventuais crimes de participação económica em negócio, corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influências e abuso de poder relacionados com autarquias da Região Autónoma da Madeira”.

A PGR refere que este inquérito “encontra-se em investigação e sujeito a segredo de justiça” e “não tem arguidos constituídos“.

Este caso remonta a outubro de 2020, quando a PGR confirmou que as investigações relacionadas com autarquias da Madeira envolvem a prática de eventuais crimes de participação económica em negócio, corrupção ativa e passiva, tráfico de influências e abuso de poder.

A investigação, referiu à data a câmara do Funchal, foi suscitada por denúncia ‘online’ em 2018, e noticiada tanto pela revista Sábado em 8 de outubro de 2020 como pelos jornais da região.