Roberta Metsola não o referiu com todas as letras — Qatargate —, mas nem por isso o mais recente escândalo de corrupção no Parlamento Europeu, que levou à detenção de uma das vice-presidentes da instituição, Eva Kaili, deixou de marcar o discurso de abertura da sessão plenária desta semana. Nas promessas, ficaram um conjunto de medidas para reforçar a transparência, a prestação de contas e combate à “interferência estrangeira”, numa clara referência ao caso que envolve alegados pagamentos de países como Qatar, Marrocos e Mauritânia para interferência em decisões do Parlamento.

No discurso de abertura da sessão plenária de janeiro, Metsola fez referência às medidas “necessárias” para aumentar a “integridade, a independência e a prestação de contas”. “Este Parlamento Europeu orgulha-se da sua abertura, acessibilidade, a defesa da legislação por debaixo do olhar público. Não estamos em nenhuma torre de marfim imaginária”, argumentou.

Metsola já tinha anunciado um primeiro esboço do pacote de reformas, como por exemplo a obrigatoriedade de se publicarem todas as reuniões agendadas ou declarações mais detalhadas sobre conflitos de interesses e finanças pessoais, segundo a Euronews. “Os eventos do mês passado levaram à necessidade de reconstruir a confiança com os cidadãos europeus que representamos”, admitiu.

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Numa primeira fase serão implementadas reformas rápidas, mas há outras, de longo prazo, que vão demorar mais tempo. “Como ponto de partida, analisaremos como podemos implementar uma política [contra a] porta giratória, como podemos assegurar mais transparência, como podemos melhorar a prestação de contas”, explicou. As medidas vão incluir o reforço de regras que proíbem atividades que podem interferir com os trabalhos parlamentares, “particularmente no que concerne à interação com países terceiros”. “Vamos reforçar as medidas contra a corrupção e como podemos combater a interferência estrangeira“, indicou.

Em causa está o caso que ficou conhecido como “Qatargate”, um esquema de corrupção que funcionaria no Parlamento Europeu e envolveria pagamentos feitos por países como Qatar, Marrocos ou Mauritânia para interferir com as decisões do Parlamento Europeu. Em causa podem estar crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. O escândalo levou à detenção de Eva Kaili, cujo sucessor na vice-presidência do Parlamento será escolhido esta quarta-feira, pelas 12h00.

Metsola confirmou também que as autoridades belgas pediram o levantamento da imunidade parlamentar dos eurodeputados Andrea Cozzolino e Marc Tarabella, no âmbito da investigação.

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