Não falou em “caça às bruxas”, mas andou perto. O ministro da Economia, António Costa Silva, lamentou esta terça-feira o clima de “suspeição” instalado sobre os membros do Governo que estão a ser investigados. “As pessoas só são culpadas quando são condenadas em tribunal”, afirmou Costa Silva esta terça-feira no parlamento, no âmbito de uma audição regimental.

O ministro estava a ser confrontado por Pedro Pinto, do Chega, em relação à investigação em curso ao secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, por suposta violação de contratação pública quando era presidente da câmara de Viana do Castelo. “Todos os cidadãos podem ser investigados, não acolhe nada em termos de culpabilidade, o secretário de Estado não foi arguido nem acusado. É um pessoa dedicada à causa pública. Tem todas as condições. Fico muito triste com um país que tem uma cultura de suspeição generalizada sobre tudo e sobre todos. As pessoas são decentes. Devemos defender a decência”, afirmou o ministro.

Secretário de Estado do Mar aguarda com “serenidade” investigação a Câmara de Viana do Castelo de que foi presidente

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O ministro invocou o Estado de Direito para defender que “quando as pessoas prevaricam ou cometem crimes são sancionadas”, pedindo para se “aguardar” pelas conclusões da investigação. “Se transformamos este país numa espécie de selva em que todos são acusados de tudo e mais alguma coisa e a partir daí são logo culpados, não vamos conseguir construir a nossa vida democrática”, rematou.

Antes, o ministro tinha sido confrontado também por Pedro Pinto, e de forma insistente, sobre as saídas de Rita Marques e João Neves, respetivamente secretários de Estado do Turismo e da Economia, em novembro. O deputado do Chega questionou o ministro sobre estas saídas, ressalvando que estas não foram devidamente explicadas. “Ninguém deu uma palavra aos portugueses quando acabou esta trapalhada e começou outra”, disse o deputado do Chega. Rita Marques e João Neves foram afastados após terem manifestado publicamente posições contrárias à do ministro sobre a carga fiscal das empresas.

“Tenho uma experiência de vida longa, sou um homem sereno e tranquilo e focado nos objetivos. A equipa do ministério é coesa, estável e dedicada ao trabalho e é isso o que nos move. Como todas as equipas, pode ter alterações. O que importa é o programa, a vontade e a dedicação, e isso não falha”, declarou o ministro, sublinhando que a questão está “ultrapassada”.

“Temos de ser suficientemente adultos para trabalhar em conjunto e responder aos problemas e é isso que estamos a fazer. Muitas vezes temos divergências connosco próprios quando olhamos para problemas complexos. É importante termos equipas que consigam rematar à baliza e não passem a bola para trás”, concluiu.