O diretor da Escola Gabriel Pereira, em Évora, teve de marcar uma reunião de urgência com as docentes da disciplina de Português, depois de um teste de 9.º ano com perguntas sobre prostituição e proxenetas causar indignação, de acordo com o Jornal de Notícias, bem como com o Diário de Notícias e o Correio da Manhã.

Uma das questões deste teste pede aos alunos menores de idade para escolherem entre duas opções. Na primeira (A), devem colocar-se na pele de “uma mulher que caiu numa rede de prostituição”. Na opção B, devem assumir o papel de “um explorador sexual (proxeneta ou cliente de prostituição)”.

Escolhendo a opção A, em 150 a 180 palavras devem escrever “com cuidado” um texto onde revelem as circunstâncias que “conduziram ao crime” e “o drama vivido pela vítima, através dos seus pensamentos”. Já na opção B, é-lhes pedido que revelem “os argumentos para aceitação/rejeição” do crime por parte do criminoso, também “através dos seus pensamentos”.

“Há um trabalho interdisciplinar entre Português, com a obra de Gil Vicente, e a disciplina de Cidadania, e as questões surgem nesse contexto”, explicou ao mesmo jornal Fernando Martins, diretor do Agrupamento de Escolas Gabriel Pereira. “Os alunos escolheram a questão a que quiseram responder e, de acordo com as informações dadas pelas docentes, há excelentes respostas.”

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Uma utilizadora partilhou uma fotografia do teste na sua conta privada de Twitter, tendo explicado que o teste foi realizado em janeiro. Esta conta foi entretanto fechada, mas o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã ainda conseguiram aceder à imagem. “Não há qualquer enquadramento em que aquelas questões façam sentido em crianças do 9 ano…”, pode ler-se nos comentários.

Ao DN, Fernando Farinha Martins, disse que teve conhecimento do caso na noite de terça-feira, quando as televisões contactaram a escola. “Tecnicamente as questões poderiam ter sido colocadas de outra forma”, assumiu ao jornal, embora diga que “há aqui uma intenção clara de prejudicar o agrupamento” e que “o assunto não pode ser retirado do contexto”.

Num comunicado divulgado na quarta-feira explica: “Pela leitura do enunciado do exercício em causa, e para quem esteja fora do contexto das Aprendizagens Essenciais do 9º ano, poderá parecer exigente ou desadequado mas, de acordo com a análise literária da peça de Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, representa um exercício pedagógico para aplicação do que foi ensinado em aula, tendo como objetivo a construção de um juízo crítico”.