Enzo Fernández e João Félix são a simbiose perfeita entre a harmonia que dão à equipa que representam e o caos que provocam em quem defrontam. Da colaboração entre ambos nascem ângulos de passe invisíveis para quem, no mesmo terreno que eles, não os deteta por mera incapacidade de atingir um nível de visão de jogo que a dupla de antigos jogadores do Benfica reúne. Ambos encaixam na perfeição num onze que se queira criativo. O argentino a construir jogo de trás para a frente e a alimentar os homens da frente. O português, emprestado pelo Atlético de Madrid, a trabalhar em espaços reduzidos entre linhas. Muito pelo desempenho de ambos, o Chelsea teve uma primeira parte dominadora na 23.ª jornada da Premier League que não foi capaz de traduzir num resultado que impedisse que, no fim de tudo, a equipa somasse o terceiro empate consecutivo.

Para azar do West Ham, a quem o 1-1 agradou, mesmo que deixe a equipa dependente dos adversários para não cair para zona de de despromoção, João Félix regressou após três jogos de suspensão, tendo a possibilidade de, pela primeira vez, alinhar no onze inicial com Enzo. A química entre ambos notou-se logo durante a semana. “Enzo é boa pessoa. Entrou na equipa dois dias depois de ter chegado e mostrou que é muito bom jogador. É um jogador jovem, muito bom e com margem de progressão. Vai ser um dos melhores médios na Europa”, disse o atacante em conversa com o Diario As.

Também Félix teve direito a elogios, não do melhor jogador jovem do último Campeonato do Mundo, mas do treinador do Chelsea, que saudou o seu regresso. João Félix “é ótimo. Todos vimos o impacto que ele teve no jogo em 60 minutos, antes de ver o cartão vermelho”, afirmou Graham Potter, referindo-se à expulsão do jogador contra o Fulham.

No Estádio de Londres, o West Ham recebia o Chelsea em jogo entre conjuntos a realizar temporadas abaixo das expectativas. À entrada para esta ronda, os hammers ocupavam o primeiro lugar acima da zona de despromoção; a equipa que fez a viagem, não assim tão longa, de Stamford Bridge ocupava o nono lugar.

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O Chelsea começou com a intenção de obter uma vitória que incentivasse a equipa a crescer na segunda metade da época. João Félix recebeu a bola de Reece James nas costas da defesa, picou sobre o guarda-redes do West Ham, Fabianski, e, apesar de ter acertado no poste, recolheu os resquícios do próprio remate e encostou para o golo que o árbitro assistente prontamente anulou devido a posição irregular.

O impacto do lance não tardaria a ter nova réplica. Enzo Fernández, numa linha de passe que procura com frequência, cruzou a partir da direita num arco perfeito que encontrou flecha no pé direito de João Félix (16′), tendo este atirado para o primeiro golo do jogo.

O West Ham ficou desfalcado antes do quarto de hora. Lucas Paquetá tentou suportar a dor da lesão que contraiu no ombro logo aos cinco minutos, mas não conseguiu. O treinador dos hammers, David Moyes, lançou Soucek para o lugar do brasileiro no meio-campo.

O técnico do Chelsea, Graham Potter, escolheu um onze inicial com cinco reforços de inverno, tendo estreado Noni Madueke como titular. Foi de uma cara nova para um velho conhecido dos blues que se estabeleceu uma ligação que terminou dentro da baliza, mas, novamente, o golo foi invalidado: Mudryk encontrou Havertz, adiantado face ao último jogador da linha defensiva, o alemão contornou o guarda-redes e marcou.

Apesar de pressionar alto, principalmente do lado esquerdo da primeira fase de construção do Chelsea, onde os blues ativavam muitas vezes Cucurella para saírem a jogar, o West Ham tinha dificuldade em atacar de forma organizada e criteriosa. O lance do empate não foi um quadro digno de ser exposto no Museu Britânico. O cruzamento de Coufal foi mau, o desvio de Bowen foi o método mais à mão para manter o lance vivo e o remate de Emerson (28′) foi a conclusão com origem num método que os hammers não quiseram que fosse brilhante.

Escassearam remates à baliza na segunda parte. Com o resultado empatado, qualquer equipa podia sair vitoriosa caso um rasgo de inspiração surgisse. Soucek introduziu a bola na baliza, mas só contribuiu para o festival de golos anulados, uma vez que um fora de jogo de Declan Rice comprometeu as intenções do West Ham que quase penalizavam ainda mais o Chelsea por não ter resolvido o jogo nos primeiros 45 minutos, onde foi superior. Os blues ainda se queixaram de uma grande penalidade por mão na bola de um defesa dos hammers, mas os pedidos não foram correspondidos pelo árbitro Craig Pawson, que apitou para o final com o marcador empatado a um.