22 jogos, nenhuma derrota, 10 vitórias consecutivas. O FC Porto voltava à Liga dos Campeões na melhor fase da temporada, com a luta pelo Campeonato totalmente relançada e já depois de conquistada a Taça da Liga. O momento não podia ser melhor para Sérgio Conceição voltar a Itália, o sítio onde foi tão feliz enquanto jogador de futebol — ainda que, ao longo de dois anos e com uma relação complexa com o treinador, não tenha levantado qualquer título com o Inter Milão que agora reencontrava.

Esta quarta-feira, aliás, funcionava como uma autêntica avenida de memórias para Sérgio Conceição. Para além de Itália e do Giuseppe Meazza onde atuou entre 2001 e 2003, o treinador do FC Porto voltava a cruzar-se com Simeone Inzaghi, com que partilhou balneário na Lazio. E o técnico italiano só tinha elogios para deixar ao antigo colega de equipa.

Ficha de jogo

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Inter Milão-FC Porto, 1-0

Oitavos de final da Liga dos Campeões

Estádio Giuseppe Meazza, em Milão (Itália)

Árbitro: Srđan Jovanović (Sérvia)

Inter Milão: Onana, Skriniar (Dumfries, 81′), Bastoni, Acerbi, Darmian, Barella, Çalhanoğlu, Mkhitaryan (Brozovic, 72′), Dimarco (Gosens, 58′), Dzeko (Lukaku, 58′), Lautaro Martínez

Suplentes não utilizados: Handanovic, Cordaz, Gagliardini, De Vrij, Bellanova, Asllani, D’Ambrosio, Carboni

Treinador: Simone Inzaghi

FC Porto: Diogo Costa, João Mário (Gonçalo Borges, 90+2′), Pepe, Marcano, Zaidu, Otávio, Grujic, Uribe, Galeno (Evanilson, 51′), Pepê, Taremi (Wendell, 83′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, David Carmo, Rodrigo Conceição, Danny Loader, André Franco, Toni Martínez, Stephen Eustáquio, Bernardo Folha

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Lukaku (86′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Otávio (41′ e 78′), a Dimarco (41′), a Pepê (63′); cartão vermelho por acumulação a Otávio (78′)

“Terei muito gosto em vê-lo. Partilhámos algumas vitórias importantes. Como treinador está a fazer um excelente trabalho, coisas muito boas. O futebol dele é físico e técnico. O FC Porto vem de 10 vitórias consecutivas e é uma equipa forte, técnica e fisicamente. Jogue quem jogar, o Sérgio Conceição é muito forte a organizar a equipa. Somos ambos treinadores jovens. Estive com ele em Roma há ano e meio e vou ter mesmo muito gosto em voltar a estar com ele. O Sérgio vai escolher o melhor caminho para ele. Está a treinar a melhor equipa em Portugal e saberá o que fazer com o futuro”, atirou Inzaghi, que está no Inter Milão desde 2021 depois de dar nas vistas a orientar, precisamente, a Lazio.

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Neste contexto e nesta primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, o treinador do FC Porto recebia a melhor das notícias: Uribe, Galeno e Otávio, que têm estado lesionados, tinham recuperado e começavam de início em Milão. Só Gabriel Veron é que tinha ficado em Portugal, sendo que Taremi, Grujic e Pepê mantinham a titularidade e Zaidu surgia na esquerda da defesa em detrimento de Wendell. Do outro lado, Inzaghi lançava Lautaro Martínez e Dzeko no ataque e deixava Lukaku no banco.

O jogo começou algo amarrado e sem grandes aproximações às balizas, muito discutido no meio-campo e ligeiramente dominado pelos italianos. Lautaro Martínez teve a primeira oportunidade da partida, com um cabeceamento por cima na sequência de um cruzamento vindo da esquerda (13′), mas o FC Porto ia conseguindo manter o Inter afastado da baliza de Diogo Costa através da característica pressão alta e rápida reação à perda de bola.

A partir do quarto de hora inicial, porém, essa tarefa tornou-se mais difícil para os dragões. O Inter acampou no meio-campo adversário e o FC Porto deixou de conseguir encadear três passes consecutivos, ficando totalmente à mercê das investidas italianas. Nesta fase, Diogo Costa segurou o nulo no marcador ao defender a um remate muito forte de Çalhanoglu (18′) — e Sérgio Conceição, na linha técnica, não escondia a frustração com a desconcentração portuguesa.

À passagem dos 20 minutos iniciais, contudo, o jogo voltou a equilibrar-se. Grujic ficou perto do golo em duas ocasiões, primeiro com um remate que passou por cima da trave (27′) e depois com outro pontapé que Onana defendeu (37′), e a partida aproximou-se do intervalo numa fase mais anárquica e sem grande brilhantismo técnico ou tático. Mesmo à beira do fim da primeira parte, já nos descontos e após um livre cobrado na direita, Diogo Costa ainda voltou a ser instrumental ao defender por instinto um cabeceamento de Bastoni (45+2′).

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo mas Sérgio Conceição depressa foi forçado a mexer, com Galeno a ressentir-se da lesão muscular e a ser substituído por Evanilson. O FC Porto voltou melhor do intervalo, com uma dinâmica mais interessante e maior facilidade na hora de chegar ao último terço adversário, e ficou perto do golo em duas ocasiões em que Onana foi mais forte do que Taremi (55′ e 57′).

Inzaghi respondeu à superioridade dos dragões com uma dupla alteração, lançando Lukaku e Gosens, e a entrada do avançado belga acabou por mexer com o jogo. A combatividade que o poderio físico de Lukaku oferecia dava trabalho a Marcano, a Pepe e até a Zaidu — e não só soltava os restantes elementos ofensivos do Inter como proporcionava o aparecimento de segundas bolas difíceis de defender, como aconteceu no lance em que Barella atirou por cima da trave (69′).

O treinador do Inter voltou a mexer já nos derradeiros 20 minutos, apostando em Brozovic com a intenção de soltar os movimentos de Çalhanoglu, e os dragões pareciam apostar numa lógica de atuar no erro do adversário e ir atrás da transição rápida. De um instante para o outro, porém, tudo se tornou ainda mais complicado para o FC Porto: Otávio fez uma falta no próprio meio-campo, viu o segundo amarelo e foi expulso, deixando a equipa com menos um elemento com mais de 10 minutos por disputar em Itália.

Sérgio Conceição procurou segurar o empate ao sacrificar Taremi para lançar Wendell mas o Inter tanto insistiu que conseguiu mesmo abrir o marcador. Já dentro dos últimos cinco minutos, Lukaku cabeceou ao poste na sequência de um cruzamento de Barella na direita e o mesmo Lukaku, sem qualquer oposição, marcou na recarga (86′). No fim, o FC Porto encerrou uma incrível série de 22 jogos seguidos sem perder, pôs fim a 10 vitórias consecutivas e ficou em desvantagem nos oitavos de final da Liga dos Campeões. No dia em que Otávio foi expulso pela primeira vez na carreira, Lukaku fez o que melhor sabe fazer na carreira.