O secretário regional da Saúde do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), Clélio Meneses, pediu a demissão do cargo, alegando “razões exclusivamente políticas” e “divergências insanáveis”, tendo o pedido já sido aceite, segundo disse este sábado o próprio à agência Lusa.

“Apresentei, no passado dia 16 de fevereiro, o que reiterei no dia 2 de março, ao presidente do Governo dos Açores, o pedido de demissão das minhas funções de secretário regional da Saúde e Desporto, que foi aceite hoje, 4 de março”, avança Clélio Meneses numa declaração enviada à Lusa.

O até aqui secretário da Saúde e Desporto agradece ao presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, a “solidariedade pessoal” e a “oportunidade” para “contribuir para melhorar as condições de vida dos cidadãos”, mas justifica a demissão com “razões exclusivamente políticas”.

“Faço-o por razões exclusivamente políticas, assentes em divergências insanáveis e inultrapassáveis, evidenciadas em sucessivas ingerências no exercício do cargo para o qual fui nomeado, dificultando, quando não impedindo, o cumprimento da complexa missão de gerir o setor”, explicou o agora ex-governante, que integrou as listas do PSD.

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Salientando que não existem “momentos ideais para terminar um mandato político”, Clélio Meneses disse, contudo, estar “convicto” de estas serem as “circunstancias adequadas” para abandonar o executivo açoriano, lembrando a “resolução de todas as questões relativas à administração de hospitais e unidades de saúde”.

O social-democrata realçou ainda as conclusões das “negociações e a preparação da legislação relativa às carreiras de saúde” e do “processo de alteração do regime do trabalho suplementar médico” e a elaboração de uma proposta para um novo Plano Regional de Saúde.

“Estou convicto destas serem as circunstâncias adequadas para a decisão que assumo, tendo em conta, por um lado, os limites pessoais decorrentes do desgaste da função e das circunstâncias anormais em que ela foi exercida e, por outro lado, a estabilização do exigente processo pandémico”, acrescentou.

Do trabalho realizado, o secretário da Saúde demissionário destaca ainda as “alterações no financiamento das corporações de bombeiros” e a definição de um “novo modelo de desenvolvimento desportivo e atividade física”.

“Tudo fiz para consolidar o projeto político de mudança da sociedade açoriana em curso, assente nos acordos políticos que o sustentam, sendo esta decisão, também ela, um contributo para a manutenção desta governação com a necessária estabilidade e sustentação partidária”, sustentou.

Clélio Meneses defende que os cargos públicos devem ser assumidos com o “único propósito de assegurar o bem comum, com o desprendimento de interesses, estratégias e agendas pessoais e com o sentido de responsabilidade” no momento de aceitar e de deixar as funções.

“Continuarei um cidadão atento e civicamente comprometido, mas com o desapego de não manter qualquer intervenção política ou setorial regular. Cada tempo tem o seu enquadramento e registo. O próximo terá outros desígnios, destinos e realizações”, assinala.

Clélio Meneses deixa ainda um “profundo agradecimento” à família, amigos, à sua equipa e a todos os profissionais com quem colaborou durante os dois anos e três meses de funções.

O social-democrata era responsável pela pasta da Saúde no Governo dos Açores desde da tomada de posse em novembro de 2020.

O executivo dos Açores é suportado no parlamento pelos partidos do governo, pela IL, Chega e deputado independente.

Mónica Seidi é a nova secretária da Saúde do Governo dos Açores

A vice-presidente do PSD/Açores e médica de profissão Mónica Seidi vai ser a nova secretária da Saúde do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), após a demissão de Clélio Meneses por razões políticas, revelou este sábado fonte da Presidência à agência Lusa.

Mónica Seidi, que foi deputada na Assembleia Regional, vai substituir Clélio Meneses, que pediu a demissão do cargo alegando “razões exclusivamente políticas”, “divergências insanáveis” e “sucessivas ingerências”.