Um comboio intercidades que devia ter partido às 9h30 deste sábado da estação de Santa Apolónia, em Lisboa, com destino a Braga saiu com quase uma hora de atraso depois de um grupo de trabalhadores dos bares da CP — em greve desde o início do mês devido a salários em atraso — terem ocupado a linha e impedido a circulação do comboio.

A deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires publicou uma imagem do protesto na rede social Twitter.

“O comboio das 9h30 em Santa Apolónia está parado. Os trabalhadores dos bares dos comboios continuam sem salário há mês e meio. A CP continua a não resolver a situação, o governo nada diz. Aqui estamos, em solidariedade com estas 130 pessoas sem salário”, escreveu na mensagem que acompanha uma fotografia onde é possível ver algumas pessoas em cima da linha, mesmo em frente à locomotiva.

Em declarações à SIC Notícias, um dos passageiros, João Xará, explicou que o comboio devia ter partido às 9h30, mas acabou por sair apenas às 10h21. Segundo aquele passageiro, em frente à estação de Santa Apolónia havia também um protesto em exigência dos salários — e a única comunicação da CP aos passageiros afetados terá sido uma mensagem, pelo altifalante, de que a linha estava “obstruída”, sem referência ao protesto.

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O protesto é só mais um capítulo de uma greve que já dura desde o início do mês.

Os cerca de 130 trabalhadores que asseguram os serviços de bar a bordo dos comboios da CP são funcionários da Apeadeiro 2020, empresa que detém a concessão dos bares dos comboios.

Os trabalhadores estarão sem receber salário há dois meses e têm estado desde o dia 1 de março em greve — motivo pelo qual a CP já emitiu um alerta a dizer que “devido à greve dos trabalhadores da empresa que gere a concessão dos bares a bordo dos comboios de Longo Curso da CP, não será possível assegurar o serviço de cafetaria e bar a partir do dia 1 de março e enquanto decorrer a referida greve”.

“A CP pede desculpas pelos incómodos causados e, enquanto esta situação persistir, disponibilizará garrafas de água a todos os passageiros”, disse ainda a CP nesse alerta.

Trabalhadores dos bares da CP ainda sem solução depois de reunião com Governo

Os trabalhadores da Apeadeiro 2020 têm organizado vários protestos e, por via da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht), já se reuniram com o Governo para tentar alcançar uma solução para o problema.

A principal exigência dos trabalhadores da empresa é a de que a CP denuncie o contrato com a Apeadeiro 2020 e assuma a gestão direta dos bares.

Já a Apeadeiro 2020, que se encontra em falência, diz que pretende celebrar um novo contrato de concessão com a CP e buscar, junto dos seus credores, a viabilização da empresa.