Abdul Bashir, o autor do ataque ao centro Ismaili em Lisboa, relatava as condições de vida “muito difíceis” que enfrentava no campo de refugiados de Lesbos, na Grécia, num vídeo publicado na conta de Youtube da organização Red SOS Refugiados Europa a 17 de outubro de 2020. “Comuniquei os meus problemas muitas vezes por e-mail, fax e telefone ao gabinete de asilo, ao ACNUR [Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados]”, contou.

Na altura com 27 anos, Abdul Bashir apresentava-se como sendo um “refugiado na Grécia”. O autor do ataque confidencia que a mulher dele morreu durante um incêndio no campo de refugiados, cinco meses após ter chegado. Nove meses depois do acidente, o homem “vivia com os três filhos”. “As minhas condições de vida são muito difíceis.”

Abdul Bashir também revela no vídeo que “sabe escrever um email”, fala “inglês” e é “licenciado em engenharia de telecomunicações”. Apesar disso, não obtém resposta do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. “Toda a gente me disse para esperar”, desabafa visivelmente impaciente.

No vídeo publicado em outubro de 2021 (não se conhece a data da gravação), Abdul Bashir indica que a mulher morreu num incêndio. Em setembro de 2020, lavrou um grande incêndio no campo de refugiados de Lesbos, o maior da Grécia.

[Já saiu: pode ouvir aqui o terceiro episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio e aqui o segundo episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]

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