A BYD, de Build Your Dreams, é o maior fabricante chinês de veículos eléctricos que, depois de marcar a sua posição no país de origem, se prepara agora para entrar em força no mercado europeu. A sua presença em Portugal ainda aguarda a definição dos últimos pormenores, mas o Observador apurou que tudo estará finalizado nos primeiros dias de Maio. Podemos ainda avançar que o construtor irá propor inicialmente uma gama com três modelos, a que se juntarão pouco depois dois outros, mais modernos e, um deles, mais acessível, a ser proposto por cerca de 30.000€.

A BYD é um monstro que fabrica em casa de tudo um pouco, de baterias (foi por aqui que começou, tendo-se tornado na maior produtora de acumuladores da China, sobretudo para telemóveis) a semicondutores, passando por motores, conversores, bombas de água e chassis. Enfim, tudo o que é necessário para produzir um automóvel eléctrico sem (praticamente) depender de fornecedores externos. E, face à sua capacidade instalada de produção, a BYD necessita de outros mercados para continuar a crescer, tanto nos modelos equipados com motores de combustão (híbridos plug-in incluídos), como nos veículos 100% eléctricos. E, para estes últimos, tem a Europa debaixo de olho.

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BYD já tem 100 stands na Europa e 4 em Portugal

O poderoso construtor chinês entrou na Europa pelo Norte, tendo já 100 pontos de venda (Stores) no Velho Continente, pretendendo atingir 500 até final de 2024. De momento, na Suécia já abriu 20 locais para expor os seus modelos, a que é necessário somar outros tantos no Reino Unido, além de três na Bélgica e dois nos Países Baixos. Os próximos mercados para os chineses são Espanha, em que a comercialização arrancou a 28 de Março, seguindo-se Portugal, de que se espera conhecer novidades nos últimos dias de Abril ou nos primeiros de Maio.

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Ao contrário de Espanha, em que a BYD vai estar directamente como importador, existindo depois uma rede atribuída por zonas a três empresas, uma das quais do grupo Salvador Caetano (que explorará a zona sul), em Portugal será um importador privado a assegurar a importação e o retalho. Mas apurámos que, na fase de arranque, serão quatro as Stores, algumas das quais com oficinas, sendo duas delas localizadas a Norte, no Porto e em Gaia. As Stores a Sul serão em Lisboa, entre o Saldanha e o Marquês de Pombal, para a segunda (com oficina) ficar localizada nas proximidades do CascaiShopping. A cobertura do território nacional irá continuar a ser reforçada, em moldes a anunciar posteriormente.

Que modelos é que vão chegar primeiro? E depois?

A entrada no mercado nacional da BYD vai realizar-se apoiada no Atto 3, no Han e no Tang. O Atto 3 é um SUV com 4,4 metros de comprimento, dimensões próximas de modelos conhecidos como por exemplo o Hyundai Kauai  EV e que tivemos oportunidade de conduzir durante alguns quilómetros. No percurso, este SUV do segmento C revelou-se confortável, isento de ruídos e dando a sensação de ser bem construído, utilizando já a nova e-Platform 3.0, a mais recente da marca.

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Os materiais do Atto 3 pareceram-nos agradáveis, ainda que com um design peculiar aqui e ali, com um pequeno ecrã à frente do condutor e um outro bem mais generoso central, que roda electricamente para se adaptar ao gosto dos condutores. Equipado com um motor de 204 cv, o consumo que conseguimos pareceu-nos algo elevado, com o Atto 3 a anunciar 420 km de autonomia com uma bateria de LFP com uma capacidade bruta de 60,48 kWh, recarregável a 88 kW em DC e a 11 kW em AC.

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O segundo e o terceiro modelos a introduzir no mercado inicialmente são o Han e o Tang, ambos topo de gama, sendo o Han uma berlina do segmento E com 4,99 m de comprimento e um estilo fluído, enquanto o Tang é um SUV igualmente de grandes dimensões (4,87 m) com três filas de bancos e sete lugares. Ambos os veículos foram concebidos sobre uma plataforma multienergia, servindo como base para modelos híbridos plug-in e igualmente para modelos 100% eléctricos, como é o caso do Han e do Tang.

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Mais tarde, mas ainda em 2023, surgirão no mercado nacional os dois mais recentes modelos da BYD, respectivamente o Dolphin e o Seal, ou seja, o golfinho e a foca, com o construtor chinês a adoptar agora um sistema de nomeação associado à vida marinha. O Dolphin, concebido igualmente sobre a e-Platform 3.0, é uma berlina um pouco mais curta e mais baixa do que o Atto 3, de forma a perseguir uma melhor aerodinâmica e um peso mais baixo. O Seal assume-se como uma berlina aerodinâmica do segmento D, com 4,7 metros de comprimento, igualmente construída sobre a e-Platform 3.0, cuja estética a fazer lembrar o Ioniq 6 nos pareceu mais moderna e atraente do que o Dolphin. Talvez por ser mais recente, esgrime trunfos que deverão agradar a mais clientes, como o facto de oferecer uma frunk com 53 litros e poder montar apenas um motor com 313 cv ou dois com um total de 530 cv, alimentados por uma bateria com 82 kWh e assegurar uma autonomia de até 570 km.

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Preços a partir de 30.000€. Mas não são baratos

A BYD pretende colocar os seus modelos como propostas premium e não como veículos baratos, estatuto tradicionalmente associado a automóveis produzidos neste país asiático. O modelo mais acessível será o Dolphin, que será proposto em duas versões, uma com a bateria grande (60 kWh e 427 km de autonomia) e outra que deverá rondar 42 kWh e assegurar 300 km entre recargas. É esta versão que será proposta por cerca de 30.000€, enquanto a outra deverá ser comercializada por valores em redor dos 35.000€.

Os preços a praticar pelo Seal não foram avançados pelo fabricante, o que já não aconteceu com o Atto 3, que à semelhança do que acontece em Espanha, terá um preço próximo dos 41.000€, só com bateria de 60 kWh. Os topo de gama da BYD serão os Han e Tang, que só estarão disponíveis com dois motores que totalizam 517 cv, alimentados por uma bateria com 85,4 kWh – as denominadas Blade, sempre com a química LFP, de lítio ferro fosfato, tradicionalmente com menor densidade energética, mas com menor tendência para arder e a assegurar um maior número de ciclos de carga/descarga –, com a berlina a garantir uma autonomia de 521 km e o SUV a ficar limitado a 400 km. Ambos são propostos em Espanha por 70.000€, com os preços para Portugal a dever rondar este valor para a versão mais simples.

Resta aguardar mais cerca de 15 dias para verificarmos se os dados que apurámos se confirmam, mas junto do representante em Espanha percebemos que estão convencidos que os preços praticados são algo elevados, o que complica o sucesso comercial para uma marca desconhecida e chinesa. Um dos responsáveis pelo mercado vizinho salientava o excelente desempenho do Atto 3 em Israel, onde o SUV eléctrico compacto é o modelo mais vendido, batendo os concorrentes, mesmo os sul-coreanos, que lideravam até à chegada da BYD. O jornalista israelita apressou-se a explicar que importava colocar no prato da balança o facto de o BYD Atto 3 ser mais barato 5000€ do que o seu rival.