Atrair o investimento de um construtor de dimensão global para o México era (e continua a ser) um excelente negócio para o Governo local, uma vez que não só cria postos de trabalho remunerados acima da média, como gera riqueza através dos impostos, precisamente o tipo de propostas de que os mexicanos precisam como de pão para a boca. Porém, a realidade é que devido ao acordo de livre comércio da América do Norte, que une os EUA, o Canadá e o próprio México, os veículos fabricados em qualquer um destes países podem ser exportados para os restantes sem pagar impostos. E foi precisamente isto que fez disparar os alertas junto do vizinho americano.



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De acordo com a Reuters, o México manteve em Janeiro conversações com responsáveis da BYD, o maior fabricante chinês de automóveis e de baterias, onde teve ocasião de os informar que não só iria deixar de assegurar incentivos aos construtores chineses que pretendam instalar-se no país e aí produzir os seus veículos, como suspendia igualmente futuras reuniões com qualquer fabricante chinês sobre a mesma matéria.

De recordar que General Motors, Ford e Chrysler — os três gigantes norte-americanos — têm desde 1930 fábricas em território mexicano, tendo a Volkswagen e a Nissan inaugurado as suas linhas de produção nos anos 60, com a Tesla a ter já anunciado a construção de uma Gigafactory no país, para também ela aproveitar as vantagens do acordo comercial e os menores custos de mão-de-obra.

Segundo a imprensa norte-americana, o que fez os mexicanos mudarem de opinião em relação ao investimento das marcas chinesas foi a pressão dos norte-americanos, preocupados com a possibilidade de os fabricantes de automóveis chineses de maior dimensão se instalarem no seu vizinho a Sul, para usufruir de custos inferiores e garantir a entrada no seu mercado sem pagar taxas. Actualmente, todos os carros chineses que chegam aos EUA pagam 27,5% de impostos de importação, com o fisco americano a pretender incrementar ainda mais este valor (proposto pelo senador Marco Rubio). Embora este valor possa parecer elevado, é menos limitativo do que as condições impostas pela China aos construtores ocidentais que pretendiam durante anos vender os seus veículos naquele país.

Em causa não está a comercialização de veículos chineses no México, uma vez que ali há hoje cerca de 20 construtores daquele país asiático a vender os seus automóveis, mas sim a capacidade de os exportar livremente para os EUA e Canadá, mercados substancialmente maiores e com maior poder de compra. Contudo, se o Governo federal mexicano anunciou esta decisão anti-chinesa, os fabricantes podem ainda candidatar-se a incentivos de menor dimensão junto dos diferentes estados, um pouco à semelhança do que aconteceu com a Tesla, que recebeu 153 milhões do estado de Nuevo Leon para ali instalar a linha de produção de onde irá sair o futuro veículo que é habitualmente denominado Model 2.

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