Não era propriamente a missão mais fácil em termos de competições europeias. Aliás, olhando para todo o historial da Taça dos Clubes Campeões Europeus/Liga dos Campeões, apenas duas equipas conseguiram dar a volta a uma eliminatória partindo com uma desvantagem de dois golos em casa (Ajax com o Benfica em 1971 e Manchester United com o PSG em 2019). No entanto, e em determinados momentos, o Benfica ainda sonhou. Sonhou quando acabou melhor a primeira parte pelo empate de Aursnes, sonhou quando entrou de forma afirmativa após o intervalo. Depois, caiu na realidade com um golo de Lautaro Martínez. E o máximo que conseguiu foi mesmo evitar a quarta derrota consecutiva com dois golos nos minutos finais.

Otamendi e as palavras no túnel que voaram por erros próprios (a crónica do Inter-Benfica)

Em dois encontros no Giuseppe Meazza frente ao Inter, os encarnados marcaram sempre três golos mas não ganharam, averbando agora um empate depois da derrota por 4-3 que tinha registado em 2004. Mais: acaba por cair mais uma vez nos quartos da Liga dos Campeões (uma barreira que continua sem passar no atual formato pela sexta vez, sendo que nunca conseguiu ganhar qualquer partida nessa fase entre cinco empates e sete derrotas) perdendo apenas um jogo em 14 realizados e não sofrendo qualquer desaire jogando fora, numa série que teve agora mais sete encontros (cinco vitórias e dois empates) que se juntaram a três que vinham da temporada passada. O golo de Musa evitou algo que só acontecera duas vezes na história, em 1940/41 e em 1996/97, mas o Benfica leva quatro jogos seguidos sem vencer entre os desaires com FC Porto, Inter e Desp. Chaves e o empate em Milão, algo que não acontecia no clube desde 2021 com Jorge Jesus.

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No final da partida, o sentimento de frustração era notório entre a comitiva das águias, com Gonçalo Ramos a explicar que o empate sabia sempre a derrota porque ditou a eliminação e João Mário a passar ao lado dos assobios que ouviu no Giuseppe Meazza dizendo que quando era jogador do Inter também os ouvia. Ponto comum a todos os jogadores? A eliminatória foi perdida (ou ganha, no caso dos nerazzurri) na Luz. E Roger Schmidt acrescentou ainda mais um dado: as decisões erradas dos árbitros e do VAR.

“O que ditou a eliminação? Foi o jogo de Lisboa e também as decisões dos árbitros, que foram parte da história destes dois jogos. Tivemos azar com isso… Mas, por outro lado, jogámos um futebol fantástico numa competição internacional. Jogámos 14 jogos, perdemos um. Infelizmente um que era muito importante. Em Lisboa não jogámos com o mesmo foco e intensidade. Ainda assim, gostei do que vi hoje, a equipa acreditou em si mesma. Nunca desistiu, mesmo estando 3-1. Acho que foi importante o 3-3. Temos de aceitar, dar os parabéns ao Inter e aproveitar esta performance para os seis jogos que faltam”, disse à Eleven Sports o treinador germânico. “Lance de Aursnes com Lautaro Martínez? Foi 100% penálti. Aliás, como semana passada. Não tivemos sorte com as decisões de arbitragem”, acrescentou ainda na flash interview.

“Fomos infelizes com o árbitro. Hoje tinha de dar um penálti, foi um penálti claro sobre o Aursnes. Não sei por que não foi verificar no VAR. É por isso que existe o VAR. Na semana passada foi o mesmo: houve um penálti sobre o Gonçalo Ramos e não analisaram, só foram ver a mão do João Mário. Para ser sincero, não gosto do VAR. Por mim podem cancelar o VAR, acabem com o VAR. Não faz sentido no futebol”, disse depois Roger Schmidt na conferência de imprensa no Giuseppe Meazza.

Na minha opinião estivemos no jogo desde o começo. Ao primeiro ataque eles marcaram mas depois disso continuámos a acreditar. Vimos uma equipa a lutar, a ser boa nos duelos, a ganhar muitas bolas, a pressionar. Não tenho nada a reprovar aos meus jogadores. Representámos o Benfica muito bem hoje e na competição no seu global”, prosseguiu o alemão, que falou também das mexidas ao intervalo: “Estava 1-1, faltavam 45 minutos, tínhamos de marcar dois golos. O David [Neres], com a qualidade no ataque e no 1×1, era bom para a equipa nessa fase. Jogámos bem na primeira parte mas faltava um pouco mais no último terço para definir. Por isso entrou o David pelo Gilberto e o Aursnes passou a lateral”.

“Título nacional? Não prometo nada. A única coisa que posso prometer é que vamos lutar nos últimos seis jogos que restam no Campeonato”, completou Roger Schmidt na zona de entrevistas rápidas.