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O autocarro do 38 entrou nos eixos à boleia de um miúdo de 18 anos (a crónica do Benfica-Estoril)

Este artigo tem mais de 1 ano

Bem e bonito, Neves é o tipo. Neres foi o MVP, Otamendi marcou o único golo mas médio, além da boa exibição, deu o mote da atitude para ultrapassar pior fase da época a cinco jornadas do final (1-0).

Otamendi marcou o único golo do jogo em cima do intervalo após cruzamento de David Neres
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Otamendi marcou o único golo do jogo em cima do intervalo após cruzamento de David Neres

Carlos Rodrigues

Otamendi marcou o único golo do jogo em cima do intervalo após cruzamento de David Neres

Carlos Rodrigues

O Inter desligou do encontro, o Benfica nunca deixou de ter algo mais sendo uma mera questão de brio, os golos de António Silva e Musa nos minutos finais serviram para evitar a quarta derrota consecutiva como só tinha acontecido na história do clube em 1940/41 e 1996/97. No entanto, aquela tal depressão pós-Porto não tinha maneira de desaparecer de vez, mesmo tendo em conta algumas melhorias apresentada pela equipa no adeus à Liga dos Campeões que deixou o treinador Roger Schmidt visivelmente irritado com a arbitragem (sobretudo com o VAR) entre elogios aos jogadores pela campanha europeia que conseguiram. Se antes da temporada os encarnados fossem apontados aos quartos da Champions, era um bom resultado; agora, não deixando de ser, acabou por saber a pouco tendo em conta tudo aquilo que a equipa conseguiu produzir ao longo dos primeiros 45 jogos oficiais só com uma derrota. E travar a atual série era o único objetivo.

Benfica-Estoril. Cassiano desvia de cabeça ao lado (0-0, 40′)

“Quebra da equipa? A minha responsabilidade é 100%, eu é que sou o treinador. A mim perguntaram-me sobre folgas e a pausa para as seleções, e para mim é essencial dar descanso aos jogadores com este calendário. Os jogos são muito intensos, há cada vez mais encontros, os intervalos entre eles são mais curtos. Se conseguirmos dar algumas folgas aos jogadores, isso é essencial. Têm planos de treino individuais mas folgas são precisas. Por vezes os jogadores não jogam nas seleções, passam dez a 12 dias nos hotéis, quase não treinam e é por isso que perdem a forma. O problema não é só meu, é de todos os treinadores. Isso não é desculpa. Perguntaram a minha opinião e eu dei a minha opinião. A minha responsabilidade? É total”, fez questão de salientar de novo o alemão, a propósito de algumas críticas feitas pelo período de férias que foi concedido aos jogadores não internacionais que poderá ter contribuído para o pior momento da temporada.

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Até à sexta-feira Santa, tudo eram coisas boas na Luz. A partir daí, e ao longo de menos de duas semanas, o céu passou quase a um inferno com duas derrotas seguidas no Campeonato (FC Porto e Desp. Chaves) e uma derrota e um empate na Champions com o Inter. Aquilo que parecia algo decidido ficou reaberto, com o FC Porto a entrar mais cedo em campo esta ronda e a colocar-se à condição a um ponto dos encarnados na antecâmara de uma receção ao Estoril que atravessava também o pior momento da temporada com oito derrotas nos últimos nove jogos. Para Schmidt, nada era uma surpresa, da corrida ainda em aberto à própria competitividade no futebol nacional. E, por isso, a única forma de travar essa viragem era chegar à vitória.

“Estou impressionado com a qualidade do futebol em Portugal, com a qualidade dos treinadores. É difícil ser campeão em Portugal com FC Porto, Sporting e Sp. Braga, são ótimas equipas. Todas estas equipas mostraram na Liga e nas competições internacionais que são muito boas. O futebol é de boa qualidade. Cada Liga tem a sua cultura e em Portugal é assim. Por vezes joga-se em grandes estádios, outras vezes em estádios menores com menos adeptos, mas gosto da experiência. Estou muito contente e foi por isso que renovei. Árbitros e ruído na comunicação social? Acho que há muito foco no futebol. É um desporto muito grande em Portugal. Para ser sincero não leio jornais, não vejo TV e estou um pouco isolado disso mas as pessoas são muito interessadas. Se não estivessem interessadas, não havia ruído. É disso que as pessoas gostam. Há muitos adeptos que querem saber o que se passa. Faz parte do futebol e eu gosto disso”, referira Schmidt.

“Estes são sempre jogos difíceis. Estamos a chegar ao final da temporada, às últimas semanas. O Estoril está em risco de descida e nas últimas semanas vimos uma equipa que ainda acredita, que joga futebol com muita intensidade, sobretudo defensivamente, com muitos jogadores atrás da bola. São disciplinados, tentam jogar no contra-ataque. Basta ver os jogos fora contra outras equipas de topo, penso que estiveram bem. Espero um jogo em que temos de estar concentrados e encontrar soluções, como já fizemos esta temporada. Temos de evitar momentos de transição e de contra-ataque. Jogamos em casa e temos o grande objetivo de vencer o Campeonato, queremos fazer um bom jogo e vencer”, resumira antes da partida.

O jogo globalmente foi melhor do que os últimos mas ainda assim sem deixar aqueles traços de ansiedade que muitas vezes comandam esta equipa do Benfica. Há também algum desgaste físico à mistura em algumas unidades que pode justificar a quebra de rendimento como Gonçalo Ramos, João Mário e Rafa mas mesmo na liderança da Liga há uma confiança que está ainda a ser reconquistada na Luz. Apesar das oportunidades falhadas, incluindo uma grande penalidade de João Mário, o golo de Otamendi contribuiu e muito para isso num jogo que esteve sempre controlado pelos encarnados. Ponto mais positivo? Além da vitória, aquilo que as caras novas conseguiram dar à equipa. David Neres é um desequilibrador que voltou a fazer a diferença mesmo atuando na esquerda, onde perde margem para as diagonais que são uma imagem de marca. João Neves, titular pela primeira vez, foi um exemplo não só pelo que jogou mas também na atitude que a equipa terá de mostrar para segurar os quatro pontos de avanço e sagrar-se campeão pela 38.ª vez.

Ficha de jogo

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Benfica-Estoril, 1-0

29.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Benfica: Vlachodimos; Aursnes, António Silva, Otamendi, Grimaldo; João Neves, Chiquinho (Florentino Luís, 63′); David Neres (Gonçalo Guedes, 85′), João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos (Musa, 63′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Gilberto, Lucas Veríssimo, Ristic, Morato e Schelderup

Treinador: Roger Schmidt

Estoril: Dani Figueira; Tiago Santos, Bernardo Vital, Pedro Álvaro, Joãozinho; João Gamboa (Lea Siliki, 77′), João Carvalho; Tiago Araújo (Francisco Geraldes, 46′), João Marques (Rafik Guitane, 77′), Carlos Eduardo e Cassiano (Marqués, 77′)

Suplentes não utilizados: Pedro Silva, Rodrigo Martins, Ndiaye, Mexer e João Carlos

Treinador: Ricardo Soares

Golo: Otamendi (44′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Otamendi (60′), Grimaldo (90+2′), Lea Siliki (90+3′) e Francisco Geraldes (90+4′)

Percebia-se na Luz que havia muita curiosidade na Luz com a estreia a titular de João Neves, sendo que o outro jogador mais “pedido” pelos adeptos, David Neres, começava na esquerda do ataque com João Mário à direita com o lateral adaptado Aursnes. Foram mesmo as unidades novas na equipa a aparecerem nos 15 minutos iniciais de sentido único em que o Estoril quase nunca conseguiu passar do meio-campo com bola controlada: Neres, mesmo à esquerda sem a possibilidade de procurar aquelas diagonais de fora para dentro com remate no final, conseguia desequilibrar no 1×1 e teve um cruzamento que Gonçalo Ramos não desviou por pouco (8′); João Neves, mesmo sem tanta bola ou necessidade de recuperações perante a incapacidade dos canarinhos, teve a primeira oportunidade flagrante com um cabeceamento após canto sozinho que saiu por cima (12′). Ainda houve mais uma tentativa de Grimaldo mas a pressão não tinha resultados.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Benfica-Estoril em vídeo]

Com o passar dos minutos, o domínio que o Benfica exercia começava a forçar o erro, como aconteceu num cruzamento da direita que foi cortado por Bernardo Vital, bateu em Gamboa e acabou por isolar Rafa que atirou um míssil na pequena área por cima (18′). Ao mesmo tempo, também se percebia que o passar dos minutos ia aumentando a ansiedade dos jogadores encarnados em todos os momentos, do último terço ao tempo demorado pelo adversário nas reposições, passando pela explosão que houve de vários elementos num lance em que Aursnes caiu na área após rematar pressionado por Tiago Araújo (lance que Rui Costa mandou seguir após ouvir o VAR) ou por uma perda de bola em zona proibida de Chiquinho que o Estoril não teve a capacidade de aproveitar porque as unidades da frente não conseguiam fazer três passes seguidos.

Pouco depois nasceria aquele que poderia ter sido um lance chave no jogo: após um cruzamento da esquerda em que já não conseguia chegar, João Mário foi tocado por Tiago Araújo na área e o VAR avisou Rui Costa para assinalar grande penalidade. Confiante, o mesmo João Mário agarrou de imediato na bola, piscou o olho para o banco em sinal de confiança mas permitiu a defesa a Dani Figueira, falhando a oportunidade até aí mais flagrante (35′). A ansiedade na Luz chegava ao pico máximo perante a incapacidade de furar a muralha do Estoril, que teve ainda o seu primeiro e único remate por Cassiano num desvio de cabeça ao primeiro poste à frente de Otamendi que saiu ao lado (40′). Pouco depois, o argentino mostrou o porquê de ser um jogador ainda diferenciado no comando da defesa e da equipa, superando esse lance que poderia trazer mais problemas para subir à área e marcar de cabeça após uma fantástica jogada de David Neres (44′).

Ao intervalo, Ricardo Soares trocou o desastrado Tiago Araújo por Francisco Geraldes, procurando ter um pouco mais de bola e circulação para a equipa respirar, mas os efeitos práticos ainda demoraram a aparecer ao longo de 15 minutos onde o Benfica continuou a ser melhor mas sem criar qualquer oportunidade à luz do abrandamento no ritmo de David Neres que se fazia refletir em toda a equipa. Assim, e nos 20 minutos após o intervalo, os encarnados não tiveram propriamente hipóteses para “fecharem” o jogo com o segundo golo mas o Estoril também não foi além de um desvio de cabeça de Pedro Álvaro por cima da trave depois de um livre lateral (59′). Com poucos motivos de interesse e entre o desgaste acumulado, Schmidt fez as duas primeiras mexidas com as entradas de Florentino Luís e Musa para os lugares de Chiquinho e Ramos.

O Benfica como que acordou com essas mexidas, criando de novo perigo junto da baliza de Dani Figueira num remate de David Neres que passou a rasar o poste após recuperação de bola ainda no primeiro terço dos canarinhos (70′) e num golo anulado a Musa por fora de jogo de Aursnes no início da jogada que invalidou uma boa combinação do avançado com Rafa no corredor central (72′). Ricardo Soares tentava tudo mesmo sem desfazer o 4x3x3 com três substituições mas os encarnados tinham assumido de vez o controlo do jogo (que nunca deixou de estar controlado mas juntando um futebol agora com um pouco mais de intensidade) e tiveram mais um remate com perigo de João Mário após a melhor jogada coletiva no encontro para defesa de Dani Figueira (82′). João Mário ainda teria um lance meio atabalhoado a desviar com o corpo na área que bateu no poste (85′) mas a história do jogo estava de vez escrita com o regresso do Benfica às vitórias.

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