O diretor do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), João Laurentino Neves, pediu esta sexta-feira, na Praia, em Cabo Verde, “responsabilidade e compromisso” para preservar, defender e difundir o português, sugerindo desafios globais para reforçar o seu estatuto.

“A nossa responsabilidade é essa, de lembrarmos que temos um património para preservar, defender e difundir“, afirmou o diretor, à margem de uma mesa-redonda para comemorar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, que esta sexta-feira se assinala.

O evento reuniu representantes das missões da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) acreditados na Praia, cidade que acolhe a sede do IILP, tutelada pela organização lusófona que tem como objetivos fundamentais a promoção, a defesa, o enriquecimento e a difusão da língua portuguesa.

Para o dirigente, 5 de maio é um “dia de responsabilidade e de compromisso” para com o português, um património que todos recebemos e que também importa transmitir.

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“E essa transmissão da língua portuguesa configura aquilo que nós designarmos pelos desafios”, frisou, defendendo que sendo o português uma língua global, são necessários igualmente desafios globais, fora da comunidade, para reforçar o seu estatuto de quinta língua mais falada do mundo, com mais de 260 milhões de falantes.

“Desafios que tanto se situam naquele espaço onde ela circula como língua oficial, quanto dentro daqueles espaços que, não sendo língua materna, configura como língua estrangeira, mas que nos interessa muito que outros povos aprendam a nossa língua como nós aprendemos a língua de outros povos e outras formas de ver o mundo”, apontou.

Numa mensagem alusiva ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional de Cabo Verde, Rui Figueiredo Soares, defendeu um “investimento maior” em políticas públicas de ensino e aprendizagem.

“Um dos grandes desafios que se coloca à preservação deste estatuto de língua global começa por nós próprios no desafio do ensino e da aprendizagem do português em todos os países”, concordou o diretor do IILP, defendendo a criação de condições para que as crianças, jovens e adultos, profissionais e técnicos possam aceder à língua nas suas diversas representações.

“Quanto mais focarmos a nossa atenção na criação de condições para a escolarização da língua portuguesa, obviamente estamos a contribuir para o desenvolvimento de cidadãos multilingues e, portanto, interculturais, mais ativos, mais conscientes da diferença no mundo”, reforçou.

Para Laurentino Neves, o investimento na língua portuguesa passa por diversas vertentes, não apenas na formação dos professores, na concessão de bons materiais e na criação de boas infraestruturas, mas também na união de escolas, na rua, no trabalho, laboratório, teatro, cinema.

“Os nossos ministros e os responsáveis por essas áreas, sistematicamente discutem entre si formas de entreajuda e de coordenação e de articulação de políticas para que, no que diz respeito à língua portuguesa e o acesso ao conhecimento, possamos ter cada vez mais cidadãos a aceder com melhor qualidade a este instrumento fundamental da sua identidade”, sugeriu.

Na mesa-redonda com o tema “Desafios para Língua Portuguesa na era das tecnologias e do digital”, cada representante dos Estados-membros da CPLP apresentou as ações nos respetivos países para a promoção e preservação da língua de Camões.

Nas suas intervenções, as embaixadoras em Cabo Verde de Angola, Júlia Machado, e da Guiné-Bissau, Basiliana Tavares, defenderam a necessidade de um esforço conjunto para que a língua portuguesa possa ser usada em mais instituições e fóruns internacionais.

Já o embaixador de Portugal em Cabo Verde, Paulo Lourenço, salientou a importância da formação dos formadores com competências digitais e considerou que os jogos é uma “área fundamental” para a transmissão da língua, sobretudo para os mais novos.

A data de 5 de maio foi oficialmente estabelecida em 2009, pela CPLP para celebrar a língua portuguesa e as culturas lusófonas. Em 2019, a 40.ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) decidiu proclamar 5 de maio de cada ano como “Dia Mundial da Língua Portuguesa”, tornando-se a sexta língua do mundo com esse estatuto.

Este ano, a comemoração realiza-se sob o lema “Realidades, Desafios e Oportunidades no Espaço da Língua Portuguesa: Literacia, Ciência, Cultura e Economia”.