Uma página virada, outra página virada, mais uma página virada. Apesar de alguns deslizes que foi tendo ao longo da época, que valeram por exemplo derrotas nas meias da Taça da Liga (Quinta dos Lombos) e na final da Taça de Portugal (Benfica), o Sporting mostrou no início da Final Four da Liga dos Campeões que estava apostado em mudar o chip para procurar mais um título europeu e isso ficou bem visível nos golos frente ao Anderlecht: quatro em cinco minutos, seis até aos 12′, sete no final da partida. A goleada com os belgas por 7-1 mostrou que a formação leonina estava de volta ao melhor nível mas teria agora mais uma dura final com os anfitriões, o Palma Futsal, que eliminou o Benfica num jogo eletrizante literalmente até ao fim.

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“Todos os minutos contam. Começar bem os jogos é uma boa forma de contagiar todos os intervenientes positivamente. Sabemos a importância de estar na frente nestes jogos. O Palma também entrou forte e determinado e acredito que ambos vão querer ter esse registo. É uma equipa que me agrada ver jogar, identifico-me com eles em muitos momentos. Tem muitas situações estratégicas com qualidade e uma dinâmica de jogo muito forte. Movimenta-se muito bem, depressa, é intensa nos processos, agressiva a defender, procura muitos espaços entrelinhas e com tabelas e é uma equipa muito móvel e rápida, forte nos vários momentos do jogo”, destacava Nuno Dias, com muitos elogios à formação de Antonio Vadillo.

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“O nosso grupo está motivado e ambicioso, com uma vontade tremenda de ganhar a terceira Liga dos Campeões, mas conscientes dos perigos do adversário. Acreditamos muito no nosso valor. A chave passará muito por acreditar nas nossas qualidades e na forma de poder anular o Palma, também com desconfiança no que podem apresentar. Há pequenos ajustes que temos de fazer. É a beleza deste desporto, é o jogo do gato e do rato. Eles defenderam mal o 5×4, certamente vão preparar coisas diferentes para nos surpreender e nós também. Há pouco tempo para isso mas os pormenores fazem a diferença e queremos muito que os pormenores saiam a nosso favor”, acrescentava João Matos, capitão do Sporting que bateu mais recordes nas meias com o Anderlecht entre 19 jogos na Final Four e um total de 76 agora na competição.

Sobravam elogios para os espanhóis, havia também noção dos pontos mais débeis que podiam ser explorados nos anfitriões. No entanto, e num plano teórico, o Sporting partia com um ligeiro favoritismo também pela experiência recente na competição onde chegou à final pela sexta vez em sete anos e procurava o terceiro título nas últimas cinco edições entre outros dados históricos que estavam à distância de uma vitória. À semelhança do que tinha acontecido no ano passado, não conseguiu. E numa partida onde o VAR anulou o golo da reviravolta e raramente houve bolas para recomeçar atrás da baliza de Guitta, o Sporting acabou por cair com o Palma Futsal nas grandes penalidades após ter sido melhor na maioria do jogo.

Os espanhóis entraram apostados em repetir a fórmula utilizada com o Benfica, arriscando com subidas do guarda-redes Luan Muller sempre que possível e com um pivô mais fixo para estancar também um elemento leonino atrás. No entanto, os primeiros cinco minutos passaram com apenas três remates com perigo, um primeiro de Cainan na sequência de livre para defesa de Guitta (2′) e dois de Alex Merlim de bola corrida (3′, ligeiramente por cima da trave) e de livre (5′, defesa de Luan Muller). Pouco depois, Neves conseguiu rodar após passe de Pany Varela, ficou isolado à entrada da área mas Luan Muller travou o remate do jogador verde e branco (6′). Guitta não ficou atrás. A remate de Mancuso sozinho na área, a uma tentativa de Cleber de fora, a um tiro em rotação de Tayebi, a uma meia distância de Chaguinha. Cada defesa melhor do que a outra.

Só mesmo quando o Sporting começou a subir Guitta para o 5×4, fazendo o Palma Futsal experimentar um pouco do seu próprio veneno, é que o encontro voltou a equilibrar, com o próprio guarda-redes leonino a ficar a centímetros do golo num remate em zona central antes de Cavinato ameaçar também o primeiro. Era uma “guerra” do 5×4 que sorriu aos espanhóis, numa jogada fantástica de Luan Muller que foi fintando tudo e todos até deixar a bola para Rivillos marcar o 1-0 (14′). Até ao intervalo, os espanhóis tiveram apenas mais uma ameaça junto à baliza dos leões, que no último minuto foram somando várias oportunidades quase sempre na sequência de bolas que Luan Muller foi travando com uma última intervenção de excelência no chão com a cabeça após recarga de Zicky Té quando havia apenas quatro segundos mais para jogar.

O intervalo pareceu fazer bem ao Sporting, que foi conseguindo outras situação de 5×4 com Guitta subido para tentar montar o cerco à baliza do Palma Futsal onde Luan Muller contava também com a ajuda do poste que “travou” um grande remate de Cavinato após reposição lateral (22′). Aos poucos, o jogo ia partindo com Luan Muller a evitar o empate de Pany Varela e Guitta a travar o 2-0 a Mancuso já depois de ter travado uma bola isolada de Rivillos que começara num erro na saída a partir de trás (24′). A seguir, Pauleta voltou a acertar no poste, numa fase em que os leões começavam a assumir mais o encontro. Faltava só o golo.

O Palma Futsal conseguia fechar bem os lances 1×1, tapava todos os espaços nos lances de bola parada mas ia perdendo força para chegar à frente para colocar o Sporting em sentido, o que permitiu que os leões fossem subindo linhas de forma paciente e conseguissem o desejado “prémio” a sete minutos e meio do final, com Zicky Té a aproveitar uma bola que ficou na área após remate de Cavinato para desviar de calcanhar para a baliza (33′). Estava encontrado o desbloqueador da partida, que reforçou o ascendente do Sporting e só não deu logo reviravolta porque o VAR anulou um golo a Sokolov por estar a agarrar na camisola de Marlon quando também era agarrado no braço pelo jogador dos espanhóis (35′). Ficava tudo em aberto e com uma tensão crescente no pavilhão, com Chaguinha a aproveitar o adiantamento de Guitta para acertar no poste de uma baliza à outra antes de Alex Merlim jogar 1×1 e acertar também no poste (37′). A decisão seguia mesmo para prolongamento, onde os leões foram melhores mas não evitaram o desempate por grandes penalidades, onde a primeira tentativa falhada por Pany Varela acabou por fazer toda a diferença no desfecho final.