O presidente da Comissão de Acompanhamento da Gestão de Resíduos (CAGER), Simão Pires, defendeu esta terça-feira “incentivos claros” à recolha de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE), com uma taxa de reciclagem das mais baixas da Europa.

O responsável, que falava na comissão parlamentar de Ambiente, afirmou que a gestão deste tipo de resíduos precisa de mais “prestação financeira”, para que haja um incentivo para que a recolha e tratamento decorra de forma lícita.

Simão Pires defendeu que haja um aumento de contrapartidas financeiras a cidadãos e agentes do mercado e salientou o papel que poderia ter um incentivo no depósito dos REEE.

A rede de retalho desses equipamentos, disse, não está sensibilizada nem capacitada nem mobilizada para esse trabalho de recolha, afirmou, quando falava numa audição pedida pelo PS e pelo PSD, que têm estado a ouvir diversas entidades sobre o problema dos REEE.

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O problema é que Portugal tem como meta a recolha e tratamento de 65% do peso médio dos equipamentos colocados no mercado e consegue uma taxa de reciclagem de apenas 32%.

Na audição desta terça-feira Simão Pires começou por frisar que o fluxo de REEE tem um desempenho insuficiente, e explicou-o com números.

Em 2019 o objetivo era recolher 45%. Foram colocadas no mercado 204 mil toneladas de equipamentos elétrico e eletrónicos, as entidades gestoras orçamentaram a recolha de 92 mil toneladas, mas só recolheram 34 mil.

O presidente da CAGER acrescentou que a situação se agravou em 2020 e 2021, tendo aumentado as toneladas de produtos colocados no mercado (212 mil e 230 mil), mas sem correspondência no que foi recolhido.

Em 2020, as entidades orçamentaram a recolha de 49 mil toneladas e recolheram efetivamente 28 mil, e no ano seguinte, das 42 mil toneladas orçamentadas, ficaram por 29 mil.

A CAGER é composta por cerca de meia centena de entidades e é um órgão consultivo que visa apoiar o Governo na formulação de política sem matéria de gestão de resíduos.