Quem partir das estações entre Odivelas e Quinta das Conchas não vai precisar de mudar de linha no Campo Grande para ir para o centro da cidade, no novo mapa do metro de Lisboa. O primeiro-ministro, António Costa, confirmou que a linha circular vai coexistir com uma linha em laço, mas só nas horas de ponta.

A informação, que foi avançada no início da semana pelo presidente da Junta do Lumiar, Ricardo Mexia, foi confirmada durante o debate de política geral desta quarta-feira, em resposta a Inês de Sousa Real, do PAN. António Costa rejeita que as obras venham a ser suspensas.

Metro: “Solução técnica” permitirá que comboios funcionem numa linha circular e numa linha em laço, diz presidente da junta do Lumiar

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“Desde o princípio que ficou definido que a linha circular permitiria, pelo menos à hora de ponta, a entrada e saída sem transbordo de quem provém da linha de Odivelas. A obra está em curso e a última coisa que passa pela cabeça de alguém é poder parar uma obra que está em curso”, indicou António Costa.

Inês de Sousa Real tinha questionado o primeiro-ministro sobre se estaria disponível para “reavaliar” a linha circular do metro, que há muito é alvo de críticas e que obrigaria a que quem vem de Odivelas (e, mais tarde, quando concluída a linha violeta, de Loures) a mudar de linha no Campo Grande para ir para o centro da cidade.

“O Governo foi teimoso, não quis suspender esta obra quando, em 2020, a Assembleia da República deliberou a suspensão da linha circular. Já ouvimos o ministro do Ambiente admitir a possibilidade de se reavaliar e de ser feita a linha em laço, voltou atrás e disse que afinal não iria ser alterado”, afirmou a deputada e líder do PAN, apelidando como caótica a situação atual nos transportes públicos motivada pelas obras para a linha circular.

O primeiro-ministro admite que a obra “causa muitos incómodos, como as obras naturalmente costumam causar muitos incómodos enquanto estão a decorrer”. Mas assegurou: “Esta vai ser executada e é uma mais valia para o funcionamento do conjunto do sistema, garantido que haverá sempre entrada, pelo menos nas horas de ponta, das composições que vêm da linha de Loures sem necessidade de transbordo“.

Na terça-feira, depois das declarações de Ricardo Mexia — que tem criticado o facto de os moradores do Lumiar poderem perder ligação direta ao centro com a linha circular —, o Ministério do Ambiente assegurou que “não há qualquer alteração das decisões tomadas ou sobre a continuidade das obras em curso“, admitindo a possibilidade de circulação “em laço” — uma possibilidade que Costa não só admite como confirma.

“As intervenções em curso na estação do Campo Grande visam permitir a criação desta Linha Circular, sem colocar em causa a possibilidade de outros tipos de operação, como o funcionamento habitualmente designado pela expressão “em laço” ou a combinação destes tipos de funcionamento”, referiu o Ministério, na terça-feira, em comunicado.

Passe ferroviário nacional em junho, como prometido? “Vamos ver”, diz Costa

O Governo tinha-se comprometido em avançar com o passe ferroviário nacional de 49 euros nos comboios regionais “até ao final do primeiro semestre”, mas questionado esta quarta-feira pelo deputado do Livre Rui Tavares, que apresentou a proposta, António Costa não se comprometeu com o cumprimento dessa data. “Vamos ver“, respondeu apenas.

A proposta do Livre tinha sido aprovada no âmbito das votações para o Orçamento do Estado para 2023, com o compromisso do Executivo de que o passe avançaria até junho. “Junho é daqui a cinco dias, quero perguntar se está tudo na trilha para termos o passe ferroviário nacional nos carris”, questionou Rui Tavares.

No final de fevereiro, o Ministério das Infraestruturas tinha assegurado que “a criação de Passe Ferroviário Nacional até ao final do primeiro semestre é uma das principais prioridades políticas”.