O encontro já não ia mexer na classificação, a primeira parte do Vizela-Sporting dificilmente poderia ser mais atípica. Em dois remates enquadrados, dois golos. Em sete faltas, um total de seis amarelos, sendo que só um jogador leonino (Ricardo Esgaio) tinha mais infrações sozinhos do que toda a equipa dos visitados. Mesmo sendo a 34.ª e última jornada, houve margem para mais um jogador verde e branco estrear-se a marcar na Primeira Liga, neste caso Gonçalo Inácio. No final, e quase como uma espécie de redenção apenas pela honra e pelo orgulho, o Sporting lá conseguiu terminar a temporada com um triunfo por 2-1 com um autogolo do central Ivanildo Fernandes nos dez minutos finais que carimbou uma segunda volta em crescendo.

Pedro Gonçalves voltou a ser determinante para a vitória verde e branca, fazendo a 11.ª assistência para golo da temporada e estando ainda no lance que originou a primeira reviravolta fora de portas na Liga. Todavia, nem ele nem outros elementos que ainda assim saíram valorizados como Ugarte conseguiram contrariar uma época em que o Sporting fez menos 11 pontos do que nas temporadas anteriores, sofreu mais nove golos do que em 2021/22 e acabou fora dos lugares de acesso à Champions, o que fará com que até 30 de junho a SAD verde e branca pretenda realizar uma venda para começar um necessário equilíbrio das contas.

“A equipa deixou aquele sinal que temos vindo a falar nesta última série onde nós, mesmo tendo alguns contratempos, continuamos a jogar o nosso futebol, a ter calma nos nossos posicionamentos e a conseguir dar a volta aos resultados. Tivemos de jogar no meio-campo adversário, às vezes a meio do meio-campo do adversário com dificuldades para criar oportunidades porque é muito difícil criar oportunidades com onze jogadores à volta da área. Fomos tentando, no início tivemos a dificuldade de uma transição que era o que o Vizela estava à procura, acertámos a marcação ao avançado, ele começou a ficar cansado porque tínhamos sempre vantagem numérica. Foi mais uma boa vitória a fechar a época numa boa sequência que não foi perfeita e não foi suficiente para contrariar aquilo que tinha sido feito no Campeonato”, começou por comentar Rúben Amorim após o encontro, na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Há coisas que esta equipa tem, apesar do talento que tem e da época que fez, que é ganhar a sensação de que seja treino ou jogo, temos de ganhar. Faltou-nos às vezes essa fome e falámos no início. Melhorámos no fim mas os nossos adeptos estiveram sempre connosco numa época muito complicada, havendo a ansiedade normal de perceberem que a época não estava a correr bem. Acho também que eles olham para um processo, não veem ninguém perdido. Não foi falta de esforço, foi falta de capacidade de sermos mais competitivos mas no próximo anos estaremos mais preparados”, destacou o treinador leonino.

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“É impossível descansar, queremos as coisas muito mais rápido, vivemos num país onde todos os clubes têm de vender, isso cria alguma ansiedade mas estou confiante e acredito no trabalho de toda a gente. Vou talvez descansar dois dias e depois volto logo. Amanhã? O nosso trabalho está feito. Enquanto os outros estiverem a jogar, eu estarei a preparar aquele que é o nosso futuro. Da mesma forma que eu disse há uns anos que aquilo que o FC Porto e o Benfica, que têm possibilidades de serem campeões, estão a viver é o que nós queremos viver. É a vida deles e nós temos a nossa. Portanto, vou desligar a televisão e focar-me muito no que temos de fazer”, conclui Rúben Amorim na última passagem pela zona de entrevistas rápidas.

“O Sporting precisa de jogadores de algumas caraterísticas diferentes, mas tem de ter noção que para ir comprar, e a prova são as vendas que fizemos porque os jogadores evoluem muito, houve coisas que fizemos que não foram tão acertadas. Ter o Ugarte… Se sair o Ugarte quem vamos buscar? É importante ter noção que não conseguimos com pouco dinheiro encontrar alguém para preencher esse papel, temos de apostar na formação. Há caraterísticas que precisamos mas há que ter muita calma. Têm de chegar e imporem-se. É preciso mudanças mas é preciso ter muitas atenção nessas mudanças”, disse na conferência.

“Temos de fazer um planeamento melhor, trabalhar no que não fizemos tão bem no início de época, dentro e fora do campo. Temos de ser mais consistentes, perder pontos cria ansiedade e temos de levar mais como antigamente de jogo a jogo, não stressar os jogadores a longo prazo. Fazer planeamento a mais tempo para todos saberem com o que contam para a próxima época. Impacto da saída de Matheus Nunes para não repetir? É difícil, não foi uma decisão… Já batemos muitas vezes nessa tecla. O impacto na saída do Matheus se calhar não faria tanta força. Foi a única vez que não estivemos todos juntos. Mas fiz tantas asneiras, é melhorar para o próximo ano”, completou o treinador dos verde e brancos.