O ex-diretor do Centro de Controlo e Proteção de Doenças (CDC) da China, George Gao, admitiu, à BBC, que a teoria que defende que a pandemia de SARS-CoV-2 teve origem no Instituto de Virologia de Wuhan não pode ser descartada. “Pode suspeitar de qualquer coisa. Isso é ciência. Não descarte nada”, disse Gao.

Esta declaração de Gao contraria a posição oficial de Pequim, que descarta completamente a hipótese de o vírus ter escapado de um laboratório. “A chamada ‘teoria de ‘fuga de laboratório’ é uma mentira criada pelas forças anti-China. É politicamente motivado e não tem base científica”, reagiu a embaixada chinesa em Washington quando os EUA começaram a levantar essa hipótese. Há cerca de dois anos, o presidente norte-americano Joe Biden ordenou uma investigação, dirigida pelos serviços de inteligência dos EUA, para avaliar a possibilidade de o vírus ter escapado do Instituto de Virologia de Wuhan. O resultado foi inconclusivo.

Já a Organização Mundial de Saúde, que, depois de ter concluído, em 2021, que a teoria da fuga do laboratório era “extremamente improvável”, em junho de 2022 admitia que seria necessário investigar essa hipótese.

EUA. Biden decide divulgar “toda a informação que for possível” sobre a origem da Covid-19

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, e apesar de o discurso oficial de Pequim afastar completamente a hipótese, George Gao revelou à televisão britânica que o governo chinês investigou o laboratório de Wuhan. O especialista garantiu, todavia, que o CDC não foi envolvido nesse processo.

George Gao liderou o CDC chinês durante todo o período da pandemia, até julho de 2022. Já reformado, o virologista e imunologista é agora vice-presidente da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China.

O Instituto de Virologia de Wuhan estuda coronavírus em morcegos há anos e fica a apenas 40 minutos de carro do mercado de Wuhan, onde surgiram os primeiros casos de SARS-CoV-2.