A Comissão Executiva do FMI validou esta quinta-feira a revisão em alta da projeção de crescimento económico de Portugal para 2,6% este ano e alertou para vulnerabilidades no setor imobiliário residencial, recomendando uma reserva de capital de risco sistémico setorial.

Numa nota divulgada esta quinta-feira, a Comissão Executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) salienta que a “forte recuperação” de Portugal “continuou até ao início de 2023”, mas espera “que o crescimento a curto prazo abrande”.

Ainda assim, valida a previsão inscrita no relatório da missão de acompanhamento do país, que em maio reviu em alta, de 1% para 2,6%, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.

O FMI considera que as políticas financeiras devem manter o foco na contenção dos riscos sistémicos, que, alerta, aumentaram devido a condições financeiras mais restritivas e ao aumento das vulnerabilidades do mercado imobiliário.

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“Os bancos e as autoridades de supervisão devem continuar a manter a vigilância sobre a qualidade do crédito, o risco de mercado e de taxa de juro e a gestão da liquidez. A melhoria contínua da margem de capital serviria como uma salvaguarda importante. Devem prosseguir os esforços para conter os riscos de branqueamento de capitais transnacional”, explica.

Defende ainda que, “para fazer face à acumulação de vulnerabilidades no setor imobiliário residencial, as autoridades poderão introduzir gradualmente uma reserva de capital de risco sistémico setorial”.

“Tal medida teria de ser calibrada de forma holística, tendo em conta outras medidas macroprudenciais, o custo do cumprimento dos requisitos de resolução e evitar efeitos pró-cíclicos. Um maior apoio à oferta de habitação e à acessibilidade dos preços, sem gerar distorções do mercado, iria aliviar as tensões do mercado imobiliário”, refere.

Para o FMI, manter a orientação de política orçamental contracionista em 2023 é apropriado para criar espaço orçamental e apoiar a política monetária na redução das pressões inflacionistas deve ser uma das prioridades, voltando a recomendar apoios apenas temporários, “sem distorções de preços e direcionados para os agregados familiares mais vulneráveis”.

“As políticas estruturais devem continuar a centrar-se no aumento do crescimento da produtividade”, defende ainda.