Às vezes há resultados ou campanhas que enganam. Ou porque as vitórias não correspondem à qualidade com que a equipa joga, ou porque os adversários podem ter um leque de armas nem menor, ou porque tudo se resume à velha questão da eficácia. No caso da Seleção Sub-19, não havia como enganar: jogam bem, jogam com prazer, jogam com a confiança de quem conhece de olhos fechados aquilo que o individual pode dar ao coletivo. Com isso, Portugal chegou de forma quase natural às meias-finais, tendo essa “benesse” de poder rodar a equipa no último encontro diante de Malta sem condicionar a conquista da terceira vitória seguida na prova. Agora, seguia-se a Noruega orientada por um português, Luís Pimenta. E um pequeno passo para o regresso à final da competição contra a crónica candidata Espanha e a sempre complicada Itália, naquela que poderia ser a quarta decisão em cinco edições em Europeus da categoria.

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“Será um jogo de elevada dificuldade, tendo em conta o próprio andamento da competição e a qualidade do adversário, sobretudo a nível do setor intermédio onde tem jogadores capazes de controlar os ritmos e de interferirem positivamente no jogo da Noruega. É uma equipa que procura muitas transições ofensivas em profundidade, para procurar o espaço nas costas e nas entrelinhas. Também tem a capacidade de estar tranquila em bloco baixo e, muitas vezes, em apenas 15 metros de profundidade e nas proximidades da grande área. Cabe-nos a nós, com a nossa organização de jogo, eliminar potencialidades do adversário e aproveitar as suas fragilidades”, comentara no lançamento do jogo Joaquim Milheiro, que recordava também os confrontos anteriores com um conjunto escandinavo em franca evolução nos últimos anos.

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“Já tivemos duas experiências competitivas com a Noruega. Uma em Marbella, que conseguimos vencer por 2-0, em que o adversário jogou em 4x3x3. Na segunda abordagem, no torneio de Lisboa, optaram por outra organização estrutural, 5x3x2, com a equipa bastante baixa, saídas rápidas e jogadores com capacidade para sair das zonas de pressão com qualidade. Compete-nos sermos muito rápidos na recuperação, quer individual, quer coletiva, estarmos extremamente concentrados e muito atentos aos detalhes que podem marcar a diferença. Para conseguirmos desmontar o bloco compacto da Noruega temos de ter uma grande dinâmica e aproveitar todas as oportunidades”, acrescentara, sem mostrar qualquer receio de um cenário de prolongamento ou grandes penalidades que também tem sido trabalhado pela equipa.

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Milheiro mostrava que conhecia de forma detalhada aquilo que poderia valer a Noruega, que passou às meias no outro grupo após empatar sem golos com a Espanha (que assim segurou também o primeiro lugar). E foi esse estudo com respetiva tentativa de encaixar nas valências dos escandinavos que valeu o golo inaugural logo aos quatro minutos: Portugal pressionou alto numa saída a partir de um pontapé de baliza, Roaldsöy atrasou para Magnus Rugland Ree e o guarda-redes acabou por bater contra Gustavo Sá com a bola a seguir para a baliza da Noruega. Além de entrar como favorita, a Seleção entrava praticamente a ganhar.

Não foi por isso que os escandinavos deixaram de mostrar que também sabem jogar e os minutos seguintes foram trazendo uma equipa norueguesa sem abdicar dos seus princípios, a tentar de forma organizada levar bola até ao último terço e a querer reentrar na partida mas novo erro defensivo acabou por condicionar de vez toda a estratégia: Erik Flataker cortou a bola com o braço na área no seguimento de um canto e Hugo Félix assumiu a marcação da grande penalidade que fez o 2-0 (17′), sendo que pouco depois Rodrigo Ribeiro só não aumentou ainda mais o avanço porque Hopland cortou com o peito uma bola que seguia para a baliza (19′). A pausa para hidratação servia sobretudo para evitar que a diferença se tornasse ainda maior.

Ainda assim, seria apenas uma questão de tempo e de novo com muito mérito para o trabalho de casa feito por Portugal que aproveitou nova bola parada para fazer o 3-0 por Rodrigo Ribeiro, que desviou na pequena área uma assistência de Gustavo Sá após cruzamento da esquerda de Martim Marques na sequência de um canto (31′). Sem necessidade de acelerar, a perceber as fragilidades contrárias e a potenciar os seus pontos fortes, a Seleção tinha a presença na final “controlada” apesar dos 45 minutos ainda pela frente que podiam permitir alguma gestão tendo em conta também o calor que se fazia sentir em Paola. No entanto, e já depois de duas ameaças de Carlos Borges, Rodrigo Ribeiro chegou mesmo ao bis ao concluir na pequena área de cabeça uma grande jogada coletiva que passou pelo suplente João Vasconcelos e Samuel Justo (67′), saltando depois para a posição de último passe com uma assistência para o 5-0 de Carlos Borges (69′).