A partir desta quinta-feira à tarde, vai ser possível visitar em Lisboa os andores em prata de São João Baptista e São João Evangelista que pertencem ao Museu Regional de Beja, instalado no antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição, onde viveu Mariana Alcoforado.

Construídos em prata e prata dourada, com pedras preciosas e vidro, os andores incluem composições escultóricas com cenas das vidas de São João Baptista e São João Evangelista, respetivamente.

Os andores pertenciam às confrarias monásticas das Baptistas e Evangelistas, “rivais nas manifestações do culto prestado aos seus santos patronos”, adornavam as procissões do Corpo de Deus, explicou a Direção Regional de Cultura do Alentejo em comunicado. Datados do século XVIII, são um testemunho da riqueza do convento de Beja e da qualidade da ourivesaria portuguesa setecentista.

Mariana Alcoforado, a freira portuguesa que escrevia cartas de amor

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O Convento de Nossa Senhora da Conceição, que desde 1927 alberga o Museu Regional de Beja, foi criado em 1459 por D. Fernando, primeiro duque de Beja, e pela sua mulher, D. Beatriz, os pais da rainha D. Leonor (mulher de D. João II) e de D. Manuel I. A ligação dos duques de Beja à instituição religiosa era tal que fizeram questão de ser sepultados no seu interior.

Outrora um importante centro religioso, com ligações próximas à nobreza e realeza, o edifício é hoje sobretudo conhecido por ter sido a casa da mais famosa freira portuguesa, Mariana Alcoforado, autora de um conjunto de cartas de amor, dirigidas a um oficial francês, que apareceram em Paris em 1669. A história de Mariana inspirou a obra Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.

A freira de Beja entrou oficialmente para o Convento de Nossa Senhora da Conceição a 2 de janeiro de 1651, data em que o seu contrato de ingresso foi assinado. Passou toda a sua vida na instituição, onde morreu em 1723, aos 83 anos.

A exposição em Lisboa vai ser inaugurada esta quinta-feira, pelas 17h, na Igreja de São Roque. A sessão de inauguração contará com a presença da secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, e com uma breve apresentação das duas obras, pela Professora Maria Isabel Roque, doutorada em História pela Universidade Lusíada. Os andores vão ficar em Lisboa até janeiro de 2024.