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Era um dos grupos mais abertos do Mundial e o primeiro encontro mostrou como entre favoritos e outsiders todos podem sonhar com razões para isso pelos oitavos ou não tivesse a Suécia carimbado a vitória frente à África do Sul em cima do minuto 90 (algo que já tinha acontecido com a Dinamarca, diante da China). Com isso, Argentina e Itália jogavam por três pontos que funcionariam como passo importante para ganhar uma certa vantagem nas contas mas jogavam também por razões distintas que, por um ou outro caminho ou estrada, chegavam à Austrália e à Nova Zelândia apostadas em ser uma das equipas revelação da prova.

Quem caça com Rolfö caça sempre melhor (a crónica do Suécia-África do Sul)

Em condições normais, e olhando até para a surpreendente chegada aos quartos do Mundial de 2019 que foi depois catapultada na liga interna, a Itália partia com favoritismo frente à Argentina. Questão? Ninguém sabia que conjunto transalpino estaria na competição tendo em conta o momento de viragem geracional que a selecionadora Milena Bertolini arriscou. Exemplos: Yaya Galli, Sara Gama, Valentina Bergamaschi e Martina Piemonte ficaram todas de fora e apareceram na lista uma série de jogadoras nascidas já este século com destaque para Giulia Dragoni, a primeira jogadora residente em La Masia a quem um dia chamaram “A pequena Messi”. “Foi uma decisão muito complicada mas tenho o direito e o dever de fazer escolhas. Todas as opções foram tomadas por motivos técnicos, táticos e físicos”, justificou na antecâmara Bertolini.

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Já a Argentina surgia com a esperança e o espírito guerreiro reforçados em conseguir algo que parecia ainda pouco mas que seria um grande passo: conquistar pela primeira uma vitória, depois de uma estreia em fases finais só com derrotas e um recente Mundial de 2019 com dois empates e um desaire. Havia jogadoras com experiência internacional como a “craque” Estefanía Banini (Atl. Madrid) e outras com sangue na guelra sem medo de nada como Yamila Rodríguez, avançada do Palmeiras que cometeu o sacrilégio de tatuar Cristiano Ronaldo (para si, “o melhor do mundo”), mas a chave passava pelo coletivo e pelo interesse crescente pelo feminino que os últimos resultados conseguiram estimular na “ressaca” da vitória no masculino.

Contas feitas, um dos jogos mais apaixonantes em fases finais de Mundiais masculinos (quem pode esquecer aquelas meias de 1990 em Nápoles?) prometia ser um dos encontros com mais história neste arranque de Mundial feminino. Também pelo equilíbrio e pela competitividade, não foi o encontro que se esperava. Ainda assim, o vencedor acabou por ser o favorito, com a capitã Cristiana Girelli a demorar apenas quatro minutos entre entrar e marcar num jogo assinalado pela estreia de Giulia Dragoni em Mundiais aos 16 anos.

A pérola

  • Cristiana Girelli é o principal expoente do passado na seleção transalpina, sendo não só a capitã mas também a jogadoras mais velha entre o processo de renovação que a equipa atravessa. Começou no banco, perante o nulo foi chamada ao jogo aos 83′, marcou o único golo aos 87′, fez a festa aos 90′ (mais descontos). A avançada da Juventus conhecida pelas companheiras como chef pelo talento na cozinha, que tem Del Piero como referência, marcou pela quarta vez em fases finais de Campeonatos do Mundo.

O joker

  • Não foi uma exibição decisiva, tornou-se uma exibição certinha, ficou como uma exibição para a história: Giulia Dragoni, média de 16 anos conhecida como a “Pequena Messi” que foi contratada no ano passado pelo Barcelona ao Inter e que se vai tornar a primeira jogadora a residir em La Masia, fez a estreia como titular em Campeonatos do Mundo e saiu aos 83′ para dar lugar à talismã Girelli.

A sentença

  • Apesar do equilíbrio e dos golos tardios que definiram os resultados, as duas equipas favoritas acabaram por vencer na primeira jornada antes de se encontrarem na segunda ronda. Aqui, as contas são muito lineares: entre Suécia e Itália, quem ganhar o próximo encontro tem a qualificação praticamente certa; entre Argentina e África do Sul, quem perder o próximo encontro tem a eliminação praticamente certa. Há outros objetivos paralelos como a possibilidade de as sul-americanas conseguirem o primeiro triunfo de sempre numa fase final do Mundial mas a próxima ronda deverá decidir a questão dos oitavos.

A mentira

  • Apesar da vantagem pela margem mínima e do melhor começo que a Argentina teve na partida, a Itália controlou sempre o jogo, teve dois golos anulados na primeira parte (o primeiro a Arianna Caruso, o segundo a Valentina Giacinti) e merecia alcançar mais cedo a vantagem que chegou apenas a três minutos do final apesar da resistência que as sul-americanas foram tendo ao longo do encontro.