Cristiano Ronaldo e Danilo Pereira, capitães de Al Nassr e PSG, entraram em campo lado a lado. As trocas de palavras e os sorrisos que estas geravam davam ao jogo, em Osaka, no Japão, um verdadeiro espírito amigável mais do que um particular de preparação. No que toca a competir, Cristiano Ronaldo não se inibiu de se esgueirar à marcação do compatriota. A liberdade que conquistou perante Danilo permitiu-lhe desviar um cruzamento de uma maneira que só uma defesa instintiva do guarda-redes da equipa francesa, Gianluigi Donnarumma, impediu de entrar na baliza. O avançado até tentou de bicicleta fazer o caminho para o golo que ninguém conseguiu alcançar ao fim de 90 minutos.

O 0-0 que saiu desta partida não deixa de poder ser lido como uma evolução do futebol saudita. No início do ano, um combinado dos melhores jogadores de Al Nassr e do Al Hilal defrontou este mesmo PSG tendo perdido com 5-4 diante do clube da Ligue 1. Cerca de meio ano depois, o resultado foi melhor.

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Quando Cristiano Ronaldo rumou à Arábia Saudita, ficou a pairar no ar a hipótese do internacional português ser uma exceção. Quando o reino do Médio Oriente começou a acenar com milhões a mais nomes conceituados do futebol mundial, começou-se a perceber qual o verdadeiro potencial de atração de um campeonato que vai começando a deixar de ser periférico.

Desde o último jogo de uma série de encontros particulares realizados no Algarve que não correram da melhor forma, o Al Nassr adicionou Alex Telles ao plantel de Luís Castro e parece não querer ficar por aí. O último nome a ser apontado à equipa de Riade tem sido Sadio Mané. O Al Nassr está a oferecer 40 milhões de euros ao Bayern e um salário anual no mesmo valor ao jogador. O senegalês foi abordado por jornalistas alemães para comentar esta possível mudança, mas recusou-se a responder. “Vocês matam-me todos os dias e agora querem que fale convosco?”, aproveitando para ser ele a lançar uma pergunta, no caso, retórica.

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Pode dizer-se que Cristiano Ronaldo tem um pouco de influência em todas as transferências de jogadores vindos da Europa para a Arábia Saudita, mesmo naqueles negócios que não têm o seu clube como interveniente. No entanto, o capitão da Seleção Nacional vem desenvolvendo capacidades enquanto “agente”. Depois de alegadamente se ter aproximado de Otávio para tentar que o jogador do FC Porto rumasse ao Al Nassr, agora, parece ser junto de Eric Bailly, antigo colega no Manchester United, que Cristiano Ronaldo está a mostrar dotes de sedução (depois de ter feito o mesmo com o técnico Luís Castro).

Após o estágio no Algarve, a digressão do Al Nassr seguiu para o Japão, onde esta terça-feira, defrontou um PSG que não tinha na lista de convocados Kylian Mbappé. “O clube deve estar acima de todos. Tem de haver sempre esse respeito pelo clube e creio que todos os que estão aqui no Japão têm esse respeito”, comentou Marco Asensio, em entrevista à RMC Sport. O apontamento feito pelo reforço da equipa parisiense surge depois de o Al Hilal se ter disposto a pagar 300 milhões de euros por Mbappé, oferecendo um salário de 700 milhões de euros por um ano de contrato. A duração do vínculo ia permitir ao jogador francês, no final desta temporada, rumar ao Real Madrid, tal como parece ser sua intenção. Nos últimos dias, também o Barcelona, mesmo não tendo apresentado qualquer proposta pelo avançado, entrou em contacto com o PSG para avaliar a possível contratação do jogador.

O PSG apresentou-se diante do Al Nassr com Manuel Ugarte sentado no banco de suplentes ao lado de Neymar e Renato Sanches. O irmão de Kyllian Mbappé, Ethan, também não foi escolha inicial. No meio-campo da equipa de Luis Enrique, o ex-Benfica Cher Ndour foi titular junto de Vitinha. Danilo Pereira atuou como central ao lado do reforço Skriniar. Já o Al Nassr, com Cristiano Ronaldo a titular, estreou Seko Fofana e deixou Alex Telles no banco de suplentes.

O Al Nassr estreou o seu novo equipamento e também se nota cada vez mais uma identidade futebolística cada vez mais transfigurada muito por responsabilidade de Luís Castro. Os sauditas terminaram a primeira parte por cima do PSG, mostrando ser uma equipa que, mesmo perante um adversário de outro nível, sabe o que fazer com a bola. Aproveitando que a equipa parisiense, até agora, realizou apenas o segundo jogo de preparação e estava preguiçosa a transitar defensivamente e nem sempre eficaz na tentativa de verticalizar o seu jogo através do passe, o Al Nassr, inspirado pelo critério de Talisca e de Brozovic, variou o jogo de flanco com rapidez e eficiência. O espaço para cruzamentos ia surgindo, tendo estes como alvo Cristiano Ronaldo. Apesar da busca por dominar o jogo em posse, até foi em transição que o PSG criou a oportunidade mais perigosa, onde Lemina rematou à malha lateral.

Quando Anderson Talisca isolou Cristiano Ronaldo, no início da segunda parte, com um passe bem medido, foi visível que o avançado português já não dispara em corrida para a baliza adversária como antigamente. Por sua vez, o brasileiro mostrava que com alguma técnica se mete uma equipa a andar e voltou a trabalhar bem em sociedade com o português. Mesmo estando cada um numa ponta do campo, o antigo jogador do Benfica encontrou forma de pôr a bola a sobrevoar todo o campo e ir parar ao português. Ainda assim, não havia forma do Al Nassr marcar.

O PSG fez nove alterações que mantiveram a qualidade da equipa. Foi nessa altura que Ugarte foi a jogo. As mexidas do Al Nassr, inevitavelmente, implicaram uma perda de capacidade competitiva. Ainda assim, Luís Castro deu-se ao luxo de, entre os homens que trouxe do banco, lançar Alex Telles. Os franceses tiveram hipótese de marcar por intermédio de Ismael Gharbi que ocupou a posição que poderia ser de Neymar, caso a estrela do PSG tivesse saído do banco.