Dominado, mas ainda com pontos quentes, por isso há que evitar as zonas onde o fogo esteve. O incêndio em Alcabideche, Cascais, que provocou ferimentos em pelo menos nove bombeiros e quatro civis, já não causa preocupações de maior mas vão manter-se no local cerca de 500 operacionais e 150 viaturas disse na manhã desta quarta-feira o Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil. Elísio Oliveira, no ponto da situação feito às 8h00 aos jornalistas, que pode ouvir aqui, na rádio Observador, estava otimista, acreditando que a situação se pode resolver totalmente nas próximas horas, e pedindo aos automobilistas que não circulem nas áreas onde o fogo andou. Devido ao vento, a avaliação da situação será contínua ao longo do dia, adiantou.

Cascais. “Algumas pessoas já regressaram a casa”

Às 4h desta quarta-feira o incêndio foi dado como dominado e sem perigo para a população, de acordo com o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). De manhã, em Cabreiros, uma das localidades mais afetadas, algumas pessoas já tinham regressado a casa, como se pode ouvir aqui, na Rádio Observador.

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Cascais. “Vemos mato queimado a 5 metros das casas”

O alerta foi dado poucos minutos antes das 17 horas desta terça-feira. De acordo com a Proteção Civil,  às 00h15 desta quarta-feira, o incêndio esteve a ser combatido por 686 bombeiros e 191 meios terrestres. Durante a tarde, chegaram a estar 14 meios aéreos no combate às chamas, mas a falta de luz obrigou à interrupção destes trabalhos.

“Cerca de 70% do perímetro do incêndio está já dominado, no entanto, ainda temos aqui longas horas de trabalho pela frente, no combate aos setores que ainda estão ativos e também em todo o trabalho de consolidação que tem de ser feito, para garantir que não há reativações”, explicava às 23h45 Hugo Santos, do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Grande Lisboa, realçando que o vento continuava a ser um fator de preocupação, ao registarem-se “rajadas fortes a velocidades entre os 70 e os 80 quilómetros por hora”.

Os nove bombeiros que sofreram ferimentos leves nos combates às chamas foram maioritariamente todos por “situações de exaustão”, enquanto quatro civis foram assistidos “por inalação de fumos”, detalhou ainda.

O incêndio florestal levou à retirada de perto de 90 pessoas “por precaução”, incluindo dois grupos de escuteiros portugueses e espanhóis, adiantou à Lusa o presidente da Câmara de Cascais. Carlos Carreiras (PSD) referiu, num ponto de situação realizado pelas 23h15 de terça-feira, que dez cidadãos foram retirados das suas casas para um pavilhão desportivo municipal. Este equipamento também recebeu dois grupos de escuteiros, que totalizam 77 elementos, portugueses e espanhóis, que estavam no Parque Natural Sintra-Cascais, referiu ainda, acrescentando que a retirada de pessoas ocorreu “por precaução” e que estas “não estavam a correr nenhum risco evidente”. Hugo Santos detalhou que foram retirados moradores das localidades do Zambujeiro, Cabreiro ou Murches.

Foram ainda retirados cerca de 800 animais provenientes do canil municipal e da Associação São Francisco de Assis, que foram transferidos para outro pavilhão municipal, explicou Carlos Carreiras. A operação para a retirada dos animais foi feita com o apoio da população, de várias associações e da organização IRA – Intervenção e Resgate Animal.

A associação mobilizou meios para resgate de animais devido à proximidade do incêndio à associação. “Mobilização de meios para o incêndio em Cascais. [Há] Necessidade de evacuação de cerca de 700 animais na associação São Francisco de Assis”, é possível ler numa publicação na rede social Facebook. Foi feito um apelo para que fossem fornecidas caixas transportadoras, que podem ser entregues na Panisol, Rotunda de Murches. “O fogo está descontrolado e a aproximar-se do canil municipal”, foi indicado numa publicação no Facebook.

Por precaução, foram também cortadas algumas vias, “não por causa do fogo, mas por causa do fumo, e também para facilitar o acesso aos meios de proteção civil e segurança”. Fonte da GNR tinha já indicado à Lusa que a Autoestrada 5 (A5), que liga Cascais a Lisboa, foi cortada entre os nós de Alvide e Cascais, nos dois sentidos. O trânsito foi, assim, desviado para a A16. Esta quarta-feira a circulação foi reaberta na A5, entre os nós de Alvide e de Cascais, nos dois sentidos, anunciou a Brisa Autoestradas, em comunicado enviado à Lusa.

Carlos Carreiras diz que Hospital de Cascais “não está em risco”

Em declarações à CNN Portugal, mais cedo, Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, disse que “não esteve nunca previsto que o incêndio tocasse no Hospital de Cascais”, mas reconheceu que as instalações têm sido afetadas pelo fumo. “Logo desde o início, em contacto com a administração do hospital, foi recomendado e cumprido que fechassem todas as janelas.”

“O Hospital de Cascais não esteve, não está em risco, a não ser do fumo que se faz sentir”, explicou. O autarca garantiu que algumas das vias rodoviárias foram cortadas apenas “por precaução”.

Texto atualizado às 8h27 com declarações do Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil, Elísio Oliveira