Leia aqui tudo sobre o Campeonato do Mundo feminino de 2023

Para não complicar as contas do apuramento no grupo G, a Itália precisava apenas de ganhar. No entanto, do lado da África do Sul, havia vontade de tentar um apuramento histórico para os oitavos, em Wellington, na Nova Zelândia. “É fazer ou morrer, não queremos nada menos que a vitória. Trabalhámos muito nos últimos dias a forma como as podemos ferir”.

A história também pode ter que esperar pelo futuro: Argentina e África do Sul adiam inédita vitória em Mundiais

Por esse motivo, a selecionadora italiana, Milena Bertolini, exigia atenção redobrada. “Temos que ter em conta que o adversário também joga. Vamos tentar fazer golos e ganhar o jogo, mas não nos esqueçamos que há vários jogos no mesmo jogo”, disse a técnica ainda sem saber o quão certa estava.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda dentro dos 10 minutos iniciais essas aspirações já começavam a cair por terra. Karabo Dhlamini derrubou a italiana Chiara Beccari dentro da área. Arianna Caruso (11′) encarregou-se da cobrança da grande penalidade. Com a vantagem da Itália, restava decidir-se quem ficava em primeiro e quem ficava em segundo, muito embora, na prática, a Suécia tivesse um saldo de golos muito positivo que praticamente valia o primeiro lugar. Ainda assim, as Banyana Banyana tinham outros planos.

A moda do cacho de uva serviu de alimento: Suécia goleia Itália e está nos oitavos de final do Campeonato do Mundo

A África do Sul não baixou os braços. Robyn Moodaly rematou ao poste, mal sabia a equipa treinada por Desiree Ellis que a Itália ia oferecer o empate. Benedetta Orsi (32′), na estreia no Mundial, numa tentativa de atraso para a guarda-redes Francesca Durante, acertou dentro da própria baliza.

A África do Sul teve uma melhor entrada na segunda parte, o que valeu o 2-1. Thembi Kgatlana conduziu a bola pela esquerda e entregou o golo a Hildah Magaia (67′). A Itália não demoraria a responder. Num canto batido à esquerda, a bola acabou por entrar na baliza, ficando a dúvida sobre quem é que tinha feito o último desvio. Arianna Caruso (74′) ficou com os louros do último toque.

Com o empate, a seleção azzurri estava apurada. Em cima dos 90, Cristiana Girelli teve oportunidade de dar a vitória, mas falhou. A árbitra deu 11 minutos de tempo de compensação que tinham uma surpresa reservada. Kgatlana (90+2′) fez o 3-2 que valeu a primeira vitória de sempre da África do Sul num Mundial e o apuramento para os oitavos de final.

A pérola

  • Quando alia a velocidade ao poder de decisão, Thembi Kgatlana torna-se muito difícil de controlar. Chegou ao segundo golo em três jogos e é definitivamente a grande referência da África do Sul.

O joker

  • Quando poucas jogadoras são capazes de o fazer, Hildah Magaia consegue acompanhar os rasgos de Kgatlana até à frente. Juntas formam uma dupla que impede qualquer adversário de adormecer no setor recuado.

A sentença

  • A Itália tentava seguir para a fase a eliminar da competição pela segunda edição consecutiva e teve tudo para o fazer, pois o empate bastava. As jogadoras sul-africanas conseguiram superar-se na reta final do jogo e fazer história para a seleção que esteve afastada das grandes competições durante o apartheid. A África do Sul, que conseguiu o segundo lugar do grupo G, vai agora defrontar os Países Baixos depois de ter relegado a Itália para o terceiro posto.

A mentira

  • Apesar da África do Sul estar longe de ser um equipa com um grande desempenho defensivo, mesmo que deixe muitas jogadoras em zonas recuadas, a seleção de Desiree Ellis mostrou que atacar bem não é necessariamente atacar com muita gente. Apesar de alguma anarquia na hora de visar a baliza adversária, a África do Sul beneficia da velocidade das jogadoras da frente (Jermaine Seoposenwe, Hildah Magaia  e Thembi Kgatlana) para partir o encontro e fazer-se valer das transições.