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No Qatar, em novembro, Hervé Renard esteve ao comando da Arábia Saudita e, agora, na Austrália e na Nova Zelândia, lidera a França. Nos primórdios da carreira do técnico de 54 anos, no SC Draguignan, clube dos escalões secundários de França, Renard não conseguia viver apenas do treino. Assim, foi obrigado a desempenhar tarefas de limpeza, que englobavam recolha de lixo, num lote de prédios.

“Acordava às 2h30, terminava a volta ao meio-dia e saía às 17h para treinar o SC Draguignan”, contou à BBC. “Treinávamos e eu voltava por volta das 21h para comer e às 23h ia dormir. Esse foi o meu ritmo de vida durante oito anos”.

Após a França ter vencido o Brasil, na segunda jornada do grupo F d Mundial feminino, Hervé Renard tornou-se no primeiro treinador a ganhar um jogo no Mundial masculino e no Mundial feminino. Em Sydney, na Austrália, as gaulesas procuravam dar seguimento a esse feito contra o Panamá.

A exibição da França foi uma demonstração de força. Apesar de tudo, Marta Cox (2′) teve que mexer com o orgulho gaulês com um golo soberbo de livre direto. Maëlle Lakrar (21′) foi à área do Panamá repor a igualdade. Kadidiatou Diani (28′) deu a vantagem à França e começou um espetáculo dentro do espetáculo. De grande penalidade (37′ e 52′), a atacante do Paris Saint-Germain, completaria o hat-trick. Pelo meio, Léa Le Garrec (45+5′) também marcou quando, na verdade, a intenção que tinha era cruzar, mas um erro de perceção da guarda-redes do Panamá, Yenith Bailey, levou a bola até ao fundo das redes.

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Élisa De Almeida, defesa internacional por França, que também tem nacionalidade portuguesa, foi uma das cinco novidades que Hervé Renard apresentou no onze. A jogadora, também ela do Paris Saint-Germain, cometeu grande penalidade sobre Riley Tanner e ofereceu ao Panamá uma grande penalidade. Deysiré Salazar (64′) reduziu a desvantagem das estreantes em Mundiais. Lineth Cedeño (87′) levou a um novo momento de alegria da equipa que, mesmo a perder, celebrava cada golo com o entusiasmo devido. A francesa Vicki Becho (90+10′) acabaria por fechar as contas em 6-2.

A pérola

  • Ao porte físico que a tornam uma imponente referência de ataque, Kadidiatou Diani mistura qualidade nos apoios frontais, característica essencial para uma jogadora que é o elemento mais fixo num sistema tático de 4x4x2. A internacional francesa conseguiu o terceiro hat-trick deste campeonato do mundo, igualando o feito da norueguesa Sophie Román Haug e da brasileira Ary Borges.

O joker

  • O golo que apontou até parece acessório face à exibição que fez. Léa Le Garrec ocupou uma das duas posições do meio-campo da equipa francesa, sendo um relevante suporte na organização ofensiva. Destacou-se ao nível da distribuição.

A sentença

  • A França segurou o primeiro lugar do grupo F. Depois do deslize na primeira jornada, diante da Jamaica, as gaulesas têm subido de rendimento, o que ficou demonstrado nos resultados e no desempenho em campo. Sete pontos foram suficientes para seguir em frente. Pelo contrário, o Panamá ficou a zero na classificação e, com o último lugar, carimbou o passaporte para casa. A França fica a aguardar o desfecho do grupo H para conhecer o próximo adversário.

A mentira

  • A França deixou no banco de suplentes as 181 internacionalizações de Eugénie Le Sommer e as 148 de Wendie Renard. Curiosamente, foram ambas autoras dos golos que valeram a vitória contra o Brasil. Ainda assim, a equipa de Hervé Renard não sentiu qualquer tipo de falta de liderança em campo, mesmo numa situação de desvantagem como a que as francesas viveram na fase inicial do encontro.