Patrick Drahi, que traçou uma cerca sanitária à volta de Armando Pereira, informou esta terça-feira os mercados de que o português ainda era conselheiro do presidente executivo da Altice France. Função que deixou em julho deste ano.

Segundo o principal acionista da Altice, Armando Pereira foi convidado por Drahi para ficar como consultor do CEO da SFR, Mathieu Cocq, quando este assumiu essa função em agosto de 2022, por um ano. E esse papel terminou em julho, garantiu Drahi.

Patrick Drahi põe cerca sanitária à volta de Armando Pereira com quem tem acordo “pessoal”. Armando pediu para Drahi não saber dos negócios

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Na segunda-feira, Patrick Drahi, em conversa com analistas e investidores, tinha prometido para esta terça-feira concretizar o papel de Armando Pereira na Altice France. E foi, então, que se ficou a saber que Armando Pereira foi consultor, até julho, do CEO da SFR para questões operacionais.

Isto depois de Armando Pereira ter sido diretor executivo da SFR, 2017 até 2019, com um papel crucial no relançamento do negócio e na construção da rede de fibra ótica em França.

Armando Pereira foi jovem para França onde trabalhou na infraestruturação de gás até ter criado a sua própria empresa de infraestruturas de telecomunicações, a Sogetrel, vendida uns anos depois ao ABS Amro, garantindo cerca de 40 milhões de euros, que o ajudaram a participar com Patrick Drahi na Altice.

Na segunda-feira, Drahi tentou afastar-se de Armando Pereira, dizendo que o português, que está em prisão domiciliária em Portugal no âmbito da Operação Picoas, não tem qualquer ação da Altice, mas assumiu que Armando Pereira ainda tem direitos económicos sobre um veículo do próprio Drahi.

Patrick Drahi voltou a garantir que as subsidiárias da Altice e o grupo avançaram, depois de se saber das investigações em Portugal, com investigações próprias. Muito do que tem conhecimento, diz, é resultante da investigação judicial e, como tal, não pode ser revelado, já que o inquérito está ainda a decorrer e até ser julgado (Patrick Drahi já os dá como acusados) pode levar muitos anos, declarou.

Ao todo a Operação Picoas investiga cerca de 100 empresas em todo o tipo de jurisdições, muitas das quais “ninguém sabia que existiam”. E, acrescentou Drahi, os próprios investigadores demoraram cinco a seis anos a investigar em todo o mundo e a encontrar essas companhias. Dessas 100 companhias, cerca de 10 “faziam negócios connosco”, e, por isso, o grupo e subsidiárias avançaram com um trabalho de identificação das relações com cada uma e dos pagamentos feitos, migrando os contratos para outros fornecedores.

Muitas dessas companhias, especificou, estão ligadas a portugueses. Patrick Drahi já tinha revelado que o impacto no grupo era baixo. Na Altice France poderá atingir cerca de 0,5% das compras realizadas.