O Presidente brasileiro, Lula da Silva, lidera uma cimeira com líderes de países amazónicos a partir desta terça-feira, para promover um novo modelo de desenvolvimento que ponha fim à destruição da maior floresta tropical do planeta.

Na abertura do encontro, os presidentes da maioria dos oito países amazónicos vão partilhar os seus pontos de vista sobre este vasto território de 6,3 milhões de quilómetros quadrados, onde está localizada a maior bacia hidrográfica do mundo e vivem cerca de 50 milhões de pessoas, a maioria em situação precária.

No final da reunião, os líderes de países amazónicos (Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela) devem assinar e divulgar a Declaração de Belém, que estabelece uma nova agenda comum de cooperação regional.

Segundo informações do governo brasileiro, a iniciativa deverá resultar em posições a favor “do desenvolvimento sustentável da Amazónia, que concilie proteção do bioma e da bacia hidrográfica, inclusão social, fomento de ciência, tecnologia e inovação, estímulo à economia local e valorização dos povos indígenas e comunidades locais e tradicionais e seus conhecimentos ancestrais”.

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Na quarta-feira haverá uma sessão alargada na Cimeira da Amazónia com outros países convidados, como Indonésia, República do Congo e República Democrática do Congo, que também possuem grandes áreas de floresta tropical.

Será o quarto encontro de lideranças da Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA) e o primeiro desde 2009 desse bloco criado em 1995 e formado por oito países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

A Cimeira da Amazónia, em Belém, capital do estado brasileiro do Pará, deverá contar com a presença de todos os chefes de Estado de países sul-americanos que têm parte da floresta no seu território, exceto de Guillermo Lasso, do Equador, e Chan Santokhi, do Suriname, que recusaram o convite por motivos de política interna.

No encontro estará a Presidente do Peru, Dina Boluarte, naquela que será a sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo, em 7 de dezembro de 2022, após receber autorização do Congresso.

O encontro ocorre num momento em que a floresta amazónica passa por uma grave crise, afetada por altos índices de desflorestação, mineração ilegal, presença crescente do narcotráfico e assédio aos povos indígenas.

“O mundo precisa ver este encontro como um marco histórico para a discussão da questão climática”, disse Luiz Inácio Lula da Silva nos dias que antecederam o encontro.

O objetivo da cimeira é encontrar um ponto de equilíbrio entre a salvaguarda do ecossistema, fundamental para reduzir as emissões de carbono geradas pelo derrube de árvores e manter o regime de chuvas na América do Sul, e proporcionar condições de vida dignas aos seus habitantes por meio da chamada bioeconomia.

“Há um entendimento de todos os presidentes de que a Amazónia não pode chegar a um ponto sem volta”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, antes da cimeira. Chegar a esse extremo significaria que a floresta tropical perdeu sua capacidade de regeneração e caminha irreversivelmente para a sua transformação em savana, o que traria consequências terríveis para a região.

No entanto, alguns especialistas afirmam que esse processo de “savanização” já está a ser observado em algumas áreas do ecossistema, dependendo do comportamento de certas espécies animais.

A comunidade científica e representantes de organizações não-governamentais deram várias ideias durante a celebração dos Diálogos Amazónicos, evento que realizou debates setoriais sobre os desafios do bioma.