O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, disse esta segunda-feira que não tem nada a comentar sobre a possibilidade de se nomear a ponte pedonal no Parque Tejo, a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), como D. Manuel Clemente, uma decisão que já originou várias petições nos últimos quatro dias.

“Este sucesso é absolutamente único na história da cidade. Aquilo que fizemos, aquilo que concretizamos, as palavras do Papa, é nisso que nos estamos a focar neste momento. Portanto, eu não tenho qualquer comentário a acrescentar sobre isso“, disse Moedas em declarações à RTP durante a Festa do Pontal, onde compareceu ao lado do líder do PSD, Luís Montenegro.

Na sexta-feira passada a Câmara Municipal de Lisboa anunciou, num comunicado que citava o presidente da autarquia, que a ponte, que o Papa transpôs várias vezes durante a JMJ, passaria a ter o nome do cardeal-patriarca de Lisboa cessante. Numa mensagem enviada à Rádio Observador, Manuel Clemente começou por agradecer “a generosidade” da CML, mas na sequência de várias críticas que se geraram em torno do assunto pediu para não se efetivasse a atribuição do seu nome à ponte. Numa nota divulgada pelo Patriarcado de Lisboa, assumiu que “não quer, de modo algum, que a atribuição seja causa de divisão, ou que alguém se sinta ofendido”.

Primeiro agradeceu mas, no fim, Manuel Clemente recusou dar nome a ponte. 9 respostas sobre 4 dias de polémicas e outras tantas petições

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Questionado sobre se ficou surpreendido com a polémica que se gerou na sequência do assunto, Carlos Moedas preferiu destacar o trabalho realizado em torno da JMJ. “Não tenho qualquer comentário acrescentar num momento de tanta felicidade para o país, em que o próprio Papa disse que nunca tinha visto uma organização como este, em que referiu Lisboa como a capital do mundo, a capital do futuro. E é isso que estamos a viver. Tudo o que for à parte disso, é tentar de certa forma diluir o sucesso de umas grandes jornadas“, afirmou.

Nos últimos dias sugiram várias petições contra e a favor a nomeação da ponte com o nome do cardeal patriarca cessante. As petições que criticam a decisão remetem para a laicidade do Estado português e as suspeitas de encobrimento do cardeal dos abusos sexuais de menores na Igreja Católica portuguesa, enquanto que as a favor destacam o seu exemplo como sacerdote e cidadão, “educado em sintonia com o Papa Francisco e com a atitude da Igreja Católica em combater todo e qualquer tipo de abuso no interior da Igreja”.

D. Manuel Clemente recusa nome na ponte sobre o Trancão depois de polémica