Uma equipa científica sugere que uma estrela “viva” invulgar, a 3.000 anos-luz da Terra, se tornará numa magnetar, uma espécie de estrela “morta” considerada o íman mais forte do Universo, foi esta quinta-feira divulgado.

A estrela em causa é a HD45166, localizada na constelação do Unicórnio, e lança pistas sobre a origem das magnetares, estrelas mortas superdensas com campos magnéticos fortíssimos que podem ser encontradas na Via Láctea, mas que os astrónomos não sabem exatamente como se formaram.

Rica em hélio e com duas vezes mais massa do que o Sol, a HD45166 já tinha sido observada no passado, mas agora os astrónomos concluíram, a partir de novas observações feitas com vários telescópios em terra, que tem o campo magnético mais poderoso alguma vez encontrado numa estrela massiva, marcando a deteção de um novo tipo de corpo celeste – estrela magnética massiva de hélio.

Toda a superfície da estrela é tão magnética quanto os ímanes mais fortes feitos pelos humanos“, salienta o investigador Pablo Marchant, do Instituto de Astronomia da Universidade de Leuven, na Bélgica, citado num comunicado do Observatório Europeu do Sul, que opera um espetrógrafo ótico instalado num telescópio em La Silla, no Chile, cujos dados foram utilizados na investigação, publicada na revista científica Science.

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Por definição, uma magnetar é uma estrela de neutrões, uma esfera com cerca de 15 quilómetros de diâmetro, que apresenta um campo magnético extraordinariamente forte.

As estrelas de neutrões são remanescentes compactas de estrelas de grande massa que explodiram na sua fase moribunda (supernova) e são extremamente densas.

Algumas destas estrelas são conhecidas como magnetares por produzirem campos magnéticos colossais, algo que os astrofísicos ainda não conseguem explicar.

“Pela primeira vez descobriu-se um forte campo magnético numa estrela massiva de hélio, e o nosso estudo sugere que esta estrela terminará a sua vida como uma magnetar”, afirmou André-Nicolas Chené, citado num comunicado do centro astronómico norte-americano NoirLab, que participou no trabalho.

Os cientistas admitem que a HD45166, que se terá formado a partir da fusão de duas pequenas estrelas ricas em hélio de massa intermédia, irá explodir (como uma supernova muito brilhante mas não tão energética) em “poucos milhões de anos”.

Durante a explosão, o núcleo irá contrair-se, capturando e concentrando as linhas do campo magnético da estrela. O resultado será uma estrela de neutrões com um campo magnético tão intenso que a tornará no íman mais poderoso do Universo.

Atualmente, o recorde de magnetismo pertence à pulsar (estrela de neutrões) Swift J0243.6+6124, situada a cerca de 22.000 anos-luz da Terra.